Escondido na Netflix, filme com cronologia reversa vai bugar seu cérebro e te prender do início ao fim Divulgação / Netflix

Escondido na Netflix, filme com cronologia reversa vai bugar seu cérebro e te prender do início ao fim

“Shimmer Lake”, que tem roteiro e direção de Oren Uziel, parece um experimento científico saindo de alguns frascos de vidro de um laboratório e que logo começa a sair fumaça e culmina em uma explosão. Parece obra de um cientista maluco misturando componentes químicos aleatórios para ver no que vai dar. O resultado é um roteiro interessante e, embora confuso, prende o espectador pela curiosidade de saber como se chegou em determinados resultados.

À princípio a gente não sabe ao certo se o filme se trata de uma comédia obscura, já que seu elenco é formado por atores que constantemente aparecem em sitcoms, como “Community” e “The Office”. Os diálogos são tão aleatórios que dá a sensação de que a qualquer momento vão surgir risadas ao fundo. O ponto forte do longa-metragem de 1 hora e 26 minutos de Uziel são as constantes reviravoltas, embora a história seja contada de trás para frente. Ou seja, ela começa na sexta-feira e vai voltando os dias da semana até que a gente entenda o que aconteceu.

Talvez Uziel tenha se inspirado em “Amnésia”, de Christopher Nolan, mas com a diferença de que ele se leva um pouco menos à sério. E, por isso, “Shimmer Lake” leva o cinema para o lado mais cômico, mas sem deixar de ser surpreendente. O enredo se passa em uma pequena cidade onde todos se conhecem e segue o policial Zeke Sikes (Benjamin Walker), cuja pronúncia do nome foi feita para ter uma sonoridade parecida com ‘zigzag’, e que está investigando o roubo ao banco do juiz Dawkins (John Michael Higgins). Os suspeitos são dois colegas de infância de Sikes e seu irmão, o ex-promotor de Justiça, Andy (Rainn Wilson).

Zeke se comporta como um baluarte de moralidade, com a envergadura de um homem de bem, enquanto seu irmão é um fugitivo da lei. Ciente de que todas as histórias de assalto terminam mal para os bandidos, Zeke quer apaziguar os ânimos quando dois agentes do FBI, Biltmore (Rob Corddry) e Walker (Ron Livingstone) chegam para dar agilidade às investigações do caso.

No entanto, conforme a história é contada voltando no tempo e mostrando tudo que realmente se passou, embora a gente pense que já tem noção do desfecho dos personagens, somos cada vez mais surpreendidos pelos fatos que são apresentados. Este talvez seja o maior mérito de Uziel nesta produção com cara e charme de filme independente. No meio desses acontecimentos, ainda temos uma tragédia do passado, que conecta algumas pessoas: uma explosão em um laboratório de metanfetamina que matou uma criança, filho de Ed (Wyatt Russell), um dos bandidos, com Steph (Stephanie Sigman), uma mulher misteriosa e que parece manipular os comportamentos de todos ao seu redor em benefício próprio.

Com o demérito de não ter atuações grandiosas ou diálogos interessantes, “Shimmer Lake” vence pelo roteiro bem amarrado e pelas reviravoltas que a todo momento nos lembram que nenhum personagem é confiável nesta história invertida.


Título: Shimmer Lake
Direção: Oren Uziel
Ano: 2017
Gênero: Policial
Nota: 6/10