Deliciosamente bobinho e feliz, novo filme na Netflix vai melhorar seu dia 1000% e te fazer abrir um sorriso Divulgação / Hideaway Pictures

Deliciosamente bobinho e feliz, novo filme na Netflix vai melhorar seu dia 1000% e te fazer abrir um sorriso

Baseado no romance homônimo de Jane Porter, “As Cores do Amor”, que tem direção de Bradley Walsh e adaptação do roteiro para as telas por Emily Golden, é uma narrativa de como Taylor (Jessica Lowndes) e Joel (Chad Michael Murray) se apaixonam, mas sobretudo, uma declaração de apreço pela tradição e pela própria história das coisas. Um filme com cara de ‘sessão da tarde’ que vai trazer um pouco de leveza, caso o assista em um dia anuviado.

Não há uma grande história ou grandes atuações. O objetivo aqui é simples e puramente entreter e Walsh atinge o alvo. Mesmo assim, não deixa de criticar de maneira sutil como a tecnologia, a internet e a informatização das coisas têm tirado o charme do mundo. No enredo, Joel é um empreendedor do ramo de tecnologia. Após enriquecer lançando aplicativos que ficaram famosos, ele decide investir no Graff Hotel, uma tradicional pousada de sua cidade natal, Forest Ridge, no estado de Montana.

Ele ama o lugar e quer fazer algo grande por ele. Na mente millenial de Joel, o melhor que pode oferecer é transformar o Graff Hotel, que ele comprou, em uma pousada moderna e informatizada para atrair novos clientes e fazer a economia da cidade girar. Mas as pessoas de Forest Ridge estão bastante preocupados com as mudanças que Joel quer fazer, afinal, ele pretende reformar toda a estrutura histórica do estabelecimento, das paredes aos sistema de reservas. Tudo precisa ser modernizado, na mente dele.

Se você conhece alguma cidade de interior, sabe que a última coisa que seus moradores tradicionais querem é mudanças naquilo que para eles funciona perfeitamente. Ainda mais se isso inclui destruir parte da tradição e da história do lugar. A tecnologia é boa, mas é inegável que ela tira o brilho histórico e a beleza natural das pessoas, coisas e lugares, torna as relações artificiais e líquidas e complica o que poderia ser mais simples. É impossível apenas amá-la ou odiá-la, a tecnologia traz benefícios, mas também alguns prejuízos.

Só que Joel não é apenas um amante das ciências exatas, ele também é um ávido leitor e adora ajudar as pessoas. É isso que o aproxima de Taylor quando eles se cruzam em uma rodovia na entrada da cidade, após o carro dela deslizar no gelo da pista e entrar em uma vala. Depois disso, eles se encontram algumas vezes, trocam flertes e conversam sobre as irmãs Brontë (o que a seduz de uma vez por todas, já que Taylor é uma bibliotecária apaixonada em leitura).

O problema é que Joel é uma espécie de rival do irmão de Taylor, Craig (Dennis Andres), que trabalha na pousada e quer lutar contra Joel para preservar a história do lugar. Eles entram em um embate na assembleia da cidade e Taylor decide se posicionar em favor do irmão. Ela ainda se compromete que irá ajudá-lo a encontrar evidências de que o Graff Hotel é um lugar histórico e que deve ser tombado patrimônio, proibindo qualquer alteração em sua configuração original. Apesar do atrito de interesses, Taylor e Joel não conseguem evitar o inevitável: se apaixonar. E eles terão que ter bastante jogo de cintura para conseguir manobrar o sentimento e o interesse pessoal.

“As Cores do Amor” é um filme bastante clichê, com diálogos simples e um roteiro bem enxuto (o filme tem menos de uma hora e meia de duração). Não há nada de complexo, não há reviravoltas inesperadas, não há quebra-cabeças para montar. É uma produção que pode ser assistida por qualquer pessoa de qualquer idade, lugar, religião, posicionamento político. Às vezes acredito que o cinema, como forma de arte, tem objetivo de cutucar feridas, chocar, provocar, despertar o pensamento crítico. Mas também acredito que há um lado muito singelo do cinema de apenas unir, incluir, acessibilizar, simplificar e entreter. Fazer um sorriso surgir no teu rosto ou trazer alguma paz para teu coração.

Filmes bobinhos e clichês podem até não ser grandes obras de arte a serem eternizadas, ovacionadas e reconhecidas, mas vai melhorar seu dia ou vai te fazer sentir minimamente melhor e maior que seus problemas. Assim são as produções natalinas, as comédias românticas, os filmes de amor. Assim é “As Cores do Amor”.


Filme: As Cores do Amor
Ano: 2022
Direção: Bradley Walsh
Gênero: Romance
Nota: 7/10