Filme na Netflix, com Ben Affleck, te proporcionará as duas horas mais emocionantes desse final de semana Divulgação / Paramount Pictures

Filme na Netflix, com Ben Affleck, te proporcionará as duas horas mais emocionantes desse final de semana

Como as notas musicais de uma canção ou sinfonia, as soluções cinematográficas já testadas ou inovadoras são os instrumentos básicos de uma obra da Sétima Arte. Elas podem ser usadas de maneira medíocre ou genial, mas são a essência do roteiro, produção ou direção. Podem transcender, confundir, não ser notadas, mas estão lá ocupando o espaço dos assuntos, gêneros, histórias etc.

Em “A Soma de Todos os Medos”, a trama é um ato terrorista nuclear que pode desencadear a guerra total entre Rússia e EUA. A presença magistral de Morgan Freeman como alto executivo da CIA e a   competência de Ben Affleck como o historiador outsider que move toda a ação para impedir o desastre podem demonstrar que o filme se trata apenas de diplomacia, tecnologia e espionagem. Pode ser e o espectador talvez se satisfaça com essa percepção.

Mas veja bem, como dizem os vendedores ao tentar convencer um cliente. Quantas vezes você viu o outsider contrariar as versões oficiais e se arrebentar até conseguir desarmar um desfecho trágico, depois de uma cena limite de suspense, onde somos levados a apostar que está tudo perdido, mas oh surpresa, não está? E o mocinho volta para o namoro com sua beldade depois de ter sido afastado dela?

Quantas vezes na fuga o carro não pega? E quem não lembra que o sujeito sem importância é o foco principal do filme e acaba crescendo como protagonista até assumir o papel decisivo? Como se ele representasse o espectador passivo que tem assim a chance de virar herói? E o momento em que o cara que descobre tudo luta com um porteiro para chegar até o estadista que decide?

Pois bem. Esse é o filme. Enriquecido por diálogos ótimos de puro humor e cenas fakes de treinamento como a sequência inicial em que a cúpula americana interrompe um ataque nuclear que se revela falso ao ser interrompido por um telefonema da mulher do presidente convocando-o para um jantar. Tudo acaba em gargalhada.

É apenas cinema. Mas o talento premonitório de Tom Clancy, que escreveu o thriller no qual se baseia o filme, se destaca ao colocar o dedo na ferida. Na época em que foi feito o filme (quando as conversas eram feitas a maioria por telefone fixo) o ponto de divergência era a Chechênia. Hoje é a Ucrânia. E o presidente não é o Putin, mas tem a mesma ideia de reconstruir o Império soviético.

Todo filme é sobre cinema. E o cinema pode ser assustador, mesmo usando soluções batidas que parecem inesperadas.


Filme: A Soma de Todos os Medos
Direção: Phil Alden Robinson
Ano: 2002
Gêneros: Thriller/Ação
Nota: 9/10