Historicamente, o cinema argentino é o maior da América Latina e nem mesmo suas duas ditaduras e as duras crises econômicas conseguiram interromper a qualidade crescente da produção no país. Já, no Brasil, o cinema passou por desmontes da Ancine, durante o governo Collor e, recentemente, sofreu com a extinção do Ministério da Cultura e com mudanças em leis de incentivo cultural. Nem mesmo sofrendo dura repressão durante a Ditadura Militar, a indústria audiovisual perdeu tanto seu financiamento. Digamos que, em uma corrida, o cinema brasileiro perde para o argentino, que corre com mais fôlego, investimentos, preparo físico e troféus em sua estante. A Argentina já tem duas estatuetas do Oscar e sete indicações, enquanto o Brasil concorreu quatro vezes e não levou nenhum prêmio para casa. Mas o cinema nacional tem resistido aos percalços no caminho e produzido boas obras, dignas de comparação ao cinema dos hermanos. Aqui estão, destacadas, algumas dessas obras, disponíveis na Netflix: “7 Prisioneiros”, de 2021, de Alexandre Moratto; “As Boas Maneiras” de 2017, de Marco Dutra e Juliana Rojas; e “A Cidade onde Envelheço”, de 2016, de Marco Dutra e Juliana Rojas. Os títulos disponíveis na Netflix estão organizados de acordo com o ano de lançamento e não seguem critérios classificatórios.
Um grupo de homens do interior se mudam para São Paulo e acabam prisioneiros em um ferro-velho, obrigados a trabalhar para saldar dívidas exorbitantes. Entre eles, Matheus que estava em busca de emprego e agora vive em situação análoga à escravidão, submetido à miséria e violência pelo patrão, Luca. O homem promete que quanto mais eles trabalharem, mais próximos estarão de sua liberdade. Para tentar escapar de sua situação, Matheus acaba entrando em uma incômoda parceria com o chefe.
Clara é uma mulher de classe média, que está grávida, e decide contratar Ana para auxiliar nas tarefas domésticas. Com o passar da gestação, Clara percebe que não é uma gravidez comum. Quando uma criança lobisomem nasce, Ana é incumbida de ajudar a esconder e proteger a criança e sua identidade.
Clara é a última residente de pequeno edifício à beira-mar, chamado Aquarius. No local, viveu momentos marcantes de sua vida nas últimas décadas: lá construiu sua família e sua carreira, ficou viúva e avó, venceu um câncer. O apartamento é seu lar. Quando Diego, funcionário da construtora que já comprou todos os outros imóveis do edifício, aparece com um sorriso bajulador e um diploma dos Estados Unidos no intuito de persuadir Clara a vender seu apartamento também, ela nega educadamente. No entanto, conforme sua recusa incomoda a empresa, passam a pressioná-la com cada vez mais veemência.
Val é uma pernambucana que chegou à São Paulo muitos anos atrás com objetivo de trabalhar para enviar dinheiro para a filha, agora adulta. Trabalhando para uma família de classe média como babá, ela é como uma mãe para Fabinho, o filho da patroa. Um dia, ela recebe uma ligação de sua filha dizendo que está a caminho de São Paulo para prestar vestibular e pedindo um lugar para ficar. Com autorização da patroa, a jovem se hospeda na casa, mas seu comportamento pouco discreto causa mal-estar entre todos.
Quando Sylvia vai à escola de sua filha para buscá-la, descobre que ela já havia saído com um “vizinho”. Incapaz de imaginar por que alguém sequestraria a menina, já que não são ricos, a mulher avisa a polícia que o marido pode ter uma amante que provocou a situação. Bernardo, o pai da criança desaparecida, confirma que manteve um caso com a jovem Rosa. A partir de então, o detetive responsável interroga os três para investigar o que realmente aconteceu.
Quando Raimundo Nonato chega à cidade de ônibus e sem um centavo no bolso para trabalhar como auxiliar na cozinha de um bar decadente, logo suas habilidades culinárias são percebidas por todos. No entanto, ele acaba na prisão por um motivo misterioso e se destaca como cozinheiro de outros presos. Assim que a razão de sua detenção é, enfim, revelada, percebemos que por trás de um homem simples, o instinto de sobrevivência o tornou capaz de atos imprevisíveis.