Conselhos de um passado recente

Conselhos de um passado recente

Olá. Quem fala contigo sou eu, seu Passado. Falo diretamente de um 31 de dezembro, aquele portal entre os anos. O ano não importa. Isso é meu agora, é passado. Sou a soma das experiências que te fará ser quem será no Futuro. Espero com sinceridade que tudo isso que passamos tenha lhe feito melhor que é agora; pois assim como o tempo não para e corre somente em uma direção, para frente, você também deve seguir. Evoluindo. Crescendo. E quando digo isso não me refiro a bens materiais ou posições na sociedade, reconhecimento de seus pares ou qualquer outra honraria que a humanidade queira. Cresça como pessoa, como ser humano, em primeiro lugar. Somente depois disso é que poderá pensar nestas coisas mais amenas. Lembre-se que há algo maior que isso tudo, que há propósitos e que o Universo existe por uma razão. Reconecte-se com suas crenças, mas exerça-as com a dignidade que merece: se acredita em algo, faça por merecer. Procure cuidar da saúde, pois a cada dia que passa seu corpo, essa mágica da natureza, sente cada vez que ultrapassa as linhas e perde-se em excessos. Uma mente sã precisa de uma estrutura que a suporte. Cuide daqueles que estão ao seu lado, familiares, amigos e todos que lhe trouxeram algum sorriso sem ter porquê, que lhe apoiaram mesmo sem saber e todos com quem dividiu felicidades e tristezas. Pense agora em todas as pessoas que magoou por erro ou omissão e tente não repetir o mesmo aí, onde estás. Se possível, peça os perdões possíveis, envie desculpas aos outros, mas não se esqueça ao final de tudo de perdoar alguém muito importante: você mesmo. Pois é humano e falho, ordinário no sentido lato da palavra, como todos os outros habitantes deste planetinha perdido nas esquinas do Cosmos. Busque concluir os projetos em andamento, aqueles que deixou pela metade e outros que nem começou, por falta de tempo ou determinação. E escale aquela montanha de sonhos que criou à base de vontades e desejos. Abra as portas do coração para novos amores, tendo o cuidado de guardar em um canto preservado aqueles que ficaram para trás, embrulhados na lembrança de um sorriso ou embalados na ternura triste de uma lágrima. Perca os receios de tentar novamente, pois dentro do medo da dor e na hesitação da renúncia é que reside a solidão e a covardia. E este é o último medo do moribundo, de morrer só. Mas, se tiver que seguir sozinho, lembre-se que ao menos eu estarei contigo. Pois ninguém pode escapar de seu Passado.