No bíblico “Gênesis” já se discorria sobre o mais humano dos sentimentos. Adão e Eva se amavam tanto, era tamanha a felicidade, a plenitude daquele amor que, inexoravelmente, apareceu uma serpente pra melar o lance. Veio uma infinidade de outros casais, tão ou mais infaustos e plácidos, ou daquela civilidade tão excessiva e quase metódica, tocando as franjas da indiferença, que é justo o seu contrário, e não o ódio. A Bula lista aqui cinco filmes de amor, todos no catálogo Netflix. De “A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata” (2018), de Mike Newell, vamos até “Nossas Noites” (2017), de Ritesh Batra. Os filmes aparecem segundo o ano de lançamento e não obedecem a critérios de classificação.
Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix
Em 1946, uma escritora londrina se corresponde com moradores da ilha de Guernsey, ocupada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Ela sente a necessidade de visitar a ilha, a fim de saber como era o lugar quando da ocupação. Terminadas as batalhas, os poucos habitantes da Guernsey tentam retomar a vida, enquanto superam as perdas de entes queridos e a falta de trabalho. Nesta primorosa obra de Newell, a guerra é vista sob a ótica sensível de um artista, o que pode parecer inusitado, mas, por isso mesmo, tão comovente.
Um encontro fortuito entre dois ex-namorados reacende lembranças. Os dois passam a compartilhá-las e refletem sobre o passado em comum, chegando à conclusão de que suas vidas hoje estão longe do que sonharam. Mesmo assim, não conseguem perceber que tudo sempre segue seu curso, independentemente da nossa vontade. Não enxergam que, muitas vezes, é melhor se deixar seduzir pelo lado róseo da existência, pensando em como poderíamos ter sido, sabendo que nunca teríamos sido daquela maneira.
“A Escalada” conta a história de um jovem da periferia de Paris decidido a arranjar um patrocinador e subir o Monte Evereste apenas motivado pela paixão: sua crush dos tempos de garoto está disposta a lhe dar uma chance se ele conseguir vencer o monte mais alto — e talvez mais perigoso — do mundo. Será que o amor compensa a falta de experiência e a imaturidade dele? Ou seria a ânsia por ser amado que lhe faltava para dar à sua vida um sentido maior?
Sarah e Victor são casados há mais de 45 anos. O casamento reduziu Sarah, antes uma aluna brilhante, a um apêndice de seu marido. Ainda há amor, mas alguma coisa incomoda o casal. Eles procuram vencer as diferenças, dão suas cabeçadas, ora sem maiores consequências, ora pra valer, mas permanecem juntos na jornada da vida. Afinal, a natureza do amor é nos fazer cair, nos machucar, mas também nos motivar a sempre começar de novo.
Uma viúva solitária e insone decide convidar o vizinho, também viúvo e também insone, para dormir em sua casa. A proposta inusitada, que almeja dar aos dois a chance de uma noite de repouso, deixa o professor aposentado atônito a princípio, mas à medida que eles seguem com a empreitada, esses dois veteranos das dores da alma percebem que começa a florescer uma bela amizade. “Nossas Noites” certamente foi feito sob medida para Robert Redford e Jane Fonda, dois dos maiores expoentes da era de ouro do cinema. Os dois estrelaram dezenas de clássicos, foram premiados com alguns Oscars, contracenaram três vezes e arrebataram público e crítica, trabalhando ora separados, ora juntos, mas sempre apresentando um desempenho admirável.