5 filmes novos na Netflix que vão perturbar sua cabeça e seu final de semana

5 filmes novos na Netflix que vão perturbar sua cabeça e seu final de semana

A necessidade de deixar o mundo como o conhecemos e embarcar rumo a outra realidade, em que as circunstâncias mais absurdas são o que pode haver de mais corriqueiro, sempre foi uma constante na vida do ser humano. A fim de continuar produtivo, de quando em quando o homem precisa largar tudo, abandonar seu próprio corpo e ir fundo no mais obscuro de si mesmo. Sonhar faz parte da vida, e cada pessoa encontra suas maneiras de dar vazão a suas fantasias. Ao longo dos séculos, a arte sempre se pautou pelo desejo e pela premência de extrair da natureza humana sua capacidade de enxergar o que não é evidente. Na literatura, o artista que mais se entregou ao propósito de mitigar a dureza da realidade por meio de histórias plenas de enredos oníricos, delirantes, que especulavam acerca das deturpações do caráter, talvez seja Edgar Allan Poe (1809-1849), um gênio dos contos do que se convencionou denominar terror, mas não só. As narrativas de Allan Poe se tornaram célebres não exatamente por seu aspecto grotesco, mas por terem o poder de mostrar ao leitor quão baixo pode descer uma pessoa comum em dadas ocasiões. É claro que as névoas da existência também foram captadas à perfeição pelos grandes de outras cercanias, a exemplo do pintor Edvard Munch (1863-1944), autor da famosa tela O Grito, que registra da maneira mais perturbadora o desespero de um homem, quase um espectro, com a boca escancarada sob um céu de fim de tarde, um retrato literal da melancolia. No cinema, a conversa vai longe. Hitchcock, Bergman, Polanski, todos beberam nem que seja um golinho — ainda que nunca tenham admitido com todas as letras — de Allan Poe. A produção de filmes que fundem a cabeça da gente nunca arrefeceu (felizmente), pelo contrário: quanto mais a gente vive, mais se torna dependente das loucuras dos diretores. A lista da Bula de hoje tem cinco histórias, todas na Netflix, e algumas estreando neste fim de semana, que prometem. Que tal começarmos do começo? “Rua do Medo: 1666” (2021), de Leigh Janiak, última parte da trilogia e que ainda está fervendo, relata a angústia da população de uma cidadezinha, há séculos subjugada pelos desmandos de uma bruxa, e finalmente junta alguns fios que foram se soltando ao longo da sequência. Já “Monstro” (2021), de Anthony Mandler, não é propriamente terror, mas é horror, e deixa a gente estupefato do mesmo jeito — quem sabe até mais — ao mostrar o empenho de uma advogada em provar a inocência de seu cliente, um rapaz negro. Os títulos seguem apenas a ordem contracronológica, do lançado primeiro para o mais antigo — e o critério alfabético, no caso de empate. Se você já tinha compromisso para este fim de semana, acho que vai ter de desmarcar…

Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix