Cuidarás da tua vida. E a dos outros tu deixarás em paz

Cuidarás da tua vida. E a dos outros tu deixarás em paz

Conta cá uma coisa. Que história é essa de te apossares do arbítrio alheio? Quem te disse ser de tua alçada a desgraça e a alegria dos outros? Larga esse osso, criatura! Aceita e desaparece. Sai daí, deixa de coisa. Passa adiante, liberta-te dessa ideia fixa e pesada do “não é tão simples assim”. Por que não? Quem disse que não se pode simplificar? Anota em tua testa ao contrário e olha no espelho: VIVE TUA VIDA E DEIXA A DOS OUTROS!

Escreve aí, tu que persegues ex-maridos e ex-mulheres, ex-namorados e ex-namoradas: ÉS UMA BESTA. Não! És menos que isso. És o carrapato grudado na orelha da besta mais miserável. Tu és um saco. Não bastasse a vida ser tão difícil, os juros andarem tão altos, a violência urbana nos arrancar a paz, os perfeitos apregoarem que o medo é coisa de gente fraca e reivindicarem a autoria da fórmula do amor, tu continuas te dedicando a controlar a vida daqueles de quem te achas amigo, aqueles que tu persegues e tentas manter abaixo de teu juízo para não te sentires mais ridículo do que já és.

E sabes o que tu és? Tu és a banda podre da vergonhosa racinha que gasta as horas discutindo as decisões dos outros, palpitando sobre decisões alheias, metendo o bedelho onde não és chamado. És lamentável e cretino como teus presságios, suspeitas e alvitres furados.

Tu a ninguém ajudas, Judas arremedado, com teus conselhos patéticos e interessados. Tu só atrapalhas, embolas o meio de campo, atrasas o trem. Peso morto nascido no inferno burocrático dos atrasos e das aporrinhações eternas, por que não te escafedes daqui e retornas para as trevas em voo sem escalas no purgatório?

Vai. Passa. Mete-te com a tua vida. Concentra-te em tuas mesquinharias. Senta no buraco que cavaste e afunda. Some das vistas do mundo. Deixa-me em paz, mentecapto ordinário. Vá. Tu és livre para contar a todos que meu coração é cheio de ódio. Sim. Tu estás certo. Eu odeio pelintras, larvas e parasitas como tu, cobra peçonhenta que…

— Tá tudo bem?
— Por quê?
— Não sei. Você ficou aéreo, estranho. Ouviu o que eu disse?
— Não.
— Eu disse que você podia ser menos passional.
— Ahan.