As 5 comidas mais nojentas do mundo segundo a ciência

As 5 comidas mais nojentas do mundo segundo a ciência

A rejeição a determinados alimentos existe em muitas culturas e épocas e nasce do encontro entre sentidos, química e controle sanitário. Para entender por que certos preparos causam estranhamento em quem não cresceu com eles, a Revista Bula consultou literatura técnica e documentos de referência em ciências gastronômicas e de alimentos, com materiais de Harvard Science & Cooking, Basque Culinary Center, University of Gastronomic Sciences, UC Davis, Universidade de Copenhague, Universidade Técnica de Munique, ETH Zürich e Quadram Institute. A análise reuniu resultados de testes sensoriais, identificação de compostos voláteis ligados a odores intensos — aminas biogênicas, compostos sulfurados e amônia — e parâmetros de segurança aplicados a práticas tradicionais.

Entre os exemplos, o kiviak traduz uma resposta ao inverno ártico. Comunidades inuit acondicionam pequenas aves marinhas no interior da pele de uma foca, selam o conjunto e deixam que a fermentação conserve o alimento por meses sob o frio. Quando o manejo é cuidadoso, cumpre sua função; quando falha, o risco sanitário aumenta, motivo pelo qual acervos técnicos descrevem procedimentos para reduzir erros. Na Suécia, o surströmming — arenque do Báltico que continua fermentando na lata — costuma ser aberto ao ar livre devido ao odor muito marcado e integra calendários regionais, servido com pão fino, batata, cebola e creme azedo.

A Islândia mantém o hákarl, carne de tubarão-da-Groenlândia que só se torna comestível após cura, fermentação e secagem prolongadas. O processo reduz compostos nitrogenados naturalmente presentes no peixe, responsáveis por aroma amoniacal característico. Nas Filipinas, o balut é um ovo de pato fertilizado, incubado por cerca de duas semanas e consumido ainda quente. Presença constante em mercados de rua, sustenta cadeias econômicas locais e circula por países vizinhos do Sudeste Asiático.

Na Sardenha, o casu marzu conclui sua maturação com a ação de larvas na massa do queijo de ovelha, o que intensifica aroma e textura. A venda é proibida por normas sanitárias modernas, mas o consumo sobrevive em circuitos familiares, preservando técnicas transmitidas de geração em geração.

Vistos lado a lado, esses casos mostram como perfis químicos intensos, aliados a processos que pedem controle rigoroso, costumam acionar rejeições sensoriais em públicos não familiarizados. A leitura que combina análise sensorial, química de alimentos e segurança ajuda a situar cada prática sem desautorizar seus significados locais: o que provoca recuo imediato para uns integra a memória, a geografia e a identidade de outros.