Ter algo novo para assistir toda semana faz parte da emoção e da experiência do streaming. A Revista Bula trouxe da Netflix as últimas estreias do catálogo para te lembrar do que não perder, especialmente se você quer aproveitar o fim de semana para relaxar, ficar em casa e descansar a cabeça. Esses filmes também são uma espécie de exercício de olhar sobre como diferentes cineastas se apropriam de gêneros consagrados para reinventá-los. Nesses quatro caminhos narrativos distintos, eles se convergem na tentativa de compreender o caos na experiência humana.
Cada um deles convida o público a um tipo de maratona emocional. Da inquietação à ternura, do riso melancólico ao desconforto silencioso. Essas obras equilibram ritmo e profundidade, com narrativas que permanecem ressoando mesmo depois dos créditos finais. Para um fim de semana de imersão, eles oferecem o que há de mais estimulante no cinema: a possibilidade d se perder em histórias que, no fundo, falam sobre todos nós.

Durante um cruzeiro de luxo, uma jornalista embarca em uma viagem que deveria consolidar sua carreira, mas acaba se tornando um pesadelo. Em uma noite de tempestade, ela testemunha uma mulher ser arremessada ao mar, porém, ao relatar o ocorrido, descobre que todos os passageiros estão devidamente registrados e ninguém parece ter desaparecido. Isolada, desacreditada e cada vez mais paranoica, ela passa a investigar por conta própria, mergulhando em um labirinto de silêncios, aparências e mentiras cuidadosamente encobertas. À medida que a busca pela verdade se intensifica, a fronteira entre lucidez e delírio se esvai, e a viagem que começou como um trabalho de rotina transforma-se em uma luta desesperada pela própria sobrevivência.

Pedro, um jovem chef de cozinha prestes a realizar o sonho de abrir seu próprio restaurante, vê seus planos desmoronarem após receber um diagnóstico que muda completamente sua vida. Forçado a desacelerar e repensar suas prioridades, ele encontra apoio improvável em um vira-lata caramelo, um cão de rua de olhar doce e temperamento inquieto, que passa a acompanhá-lo em sua jornada de recomeço. Entre caminhadas silenciosas e momentos de ternura, nasce uma amizade que o ajuda a reencontrar o sentido das pequenas coisas e a força para enfrentar o futuro com leveza. Filmado no interior de São Paulo, o longa transforma a figura do cão caramelo, símbolo do afeto e da resistência brasileira, em metáfora de amor incondicional e esperança. Com delicadeza e humor, a história mostra que, às vezes, o verdadeiro sabor da vida está justamente nas pausas que não planejamos.

Uma mulher solitária, trabalhando como faxineira em um conjunto residencial de luxo, vê sua rotina virar de cabeça para baixo após um episódio de violência em um dos apartamentos. Forçada a confrontar seus próprios limites e memórias, ela embarca em uma jornada de purificação, física e emocional, que transcende o trabalho e a dor. As superfícies que ela limpa refletem não apenas a sujeira dos outros, mas também os vestígios de sua própria culpa e esperança. Em meio ao silêncio dos corredores, ela descobre que recomeçar pode ser um ato tão árduo quanto redentor.

No fim dos anos 70, um grupo de alunos desajustados é obrigado a permanecer na escola durante o feriado de Ação de Graças, sob a supervisão de um professor cansado e desiludido. O convívio forçado, inicialmente hostil, se transforma em uma improvável convivência marcada por confissões, ironias e pequenas epifanias. Entre salas vazias e corredores cobertos de neve, adolescentes e adultos descobrem que compartilham o mesmo sentimento de inadequação. O fim de semana, que parecia um castigo, torna-se um retrato melancólico da juventude e de tudo o que se perde ao crescer.