5 escritores que publicaram um único livro e entraram para a história

5 escritores que publicaram um único livro e entraram para a história

Nem sempre o silêncio é ausência. Às vezes, é resposta. Há escritores que disseram tudo que precisavam em uma única vez e nunca voltaram. Não por falta de assunto, talvez. Mas porque aquilo que disseram já tinha um peso impossível de repetir. Há algo de definitivo em certos livros únicos. Eles não pedem continuação, nem ensaiam uma repetição. Eles ficam ali, como uma frase encerrada com ponto final — ponto mesmo, não reticência.

Margaret Mitchell talvez não imaginasse que sua heroína sulista, tão falível quanto feroz, atravessaria séculos de discussão. Emily Brontë morreu sem saber que seu romance de paisagens ásperas e amores devastados se tornaria uma das obras mais revisitadas da literatura inglesa. Alain-Fournier levou seu único manuscrito à editora e foi para a guerra — onde desapareceu aos 27 anos, tragado por uma realidade mais cruel do que qualquer ficção. Anna Sewell mal teve tempo de ver seu cavalo ganhar o mundo: acamada, debilitada, confiou suas palavras a um ditado paciente. John Kennedy Toole, por sua vez, precisou morrer para ser lido — e deixou nas ruas de Nova Orleans um personagem tão desajustado e lúcido que talvez nunca tenha saído de lá.

Há nisso uma espécie de mistério. Não exatamente um romantismo — isso seria uma distração —, mas uma inquietação: por que só uma obra? E por que essa única obra reverbera tanto? Talvez porque, no fundo, cada livro desses carregue algo que não se sustenta em múltiplos volumes. Um tipo de fúria delicada. Ou de urgência que só se admite uma vez. Porque repetir seria corromper.

Esses livros, assim, não são só o que são. São também o que poderia ter vindo depois — e nunca veio. É aí que mora sua força. No que falta. E, de certo modo, no que sobra.