Os 7 livros que mudaram a cabeça de Nietzsche

Os 7 livros que mudaram a cabeça de Nietzsche

É difícil imaginar Nietzsche lendo. Parece estranho, até. O filósofo da martelada, do super-homem, da crítica à moral, curvado diante de uma página? Mas ele leu. E não foi um leitor distraído, tampouco reverente. Nietzsche lia como quem briga. Absorvia o que podia, retorcia o que achava fraco, derrubava o que considerava falso. A relação dele com os livros nunca foi pacífica, nem decorativa. Era vital. Talvez por isso, em certos momentos, mais parecesse um duelo do que um diálogo. Ele não queria repetir nada do que lia. Queria ir além. E para isso, primeiro, precisou entrar.

É claro que a filosofia grega o tocou antes de tudo. Sófocles, com seu Édipo condenado não por maldade, mas por ignorância e destino, ressoou fundo em Nietzsche. Depois veio Platão, que ele jamais perdoaria. Para ele, Platão inventou o pior de todos os mundos: o das ideias perfeitas, inalcançáveis, que negavam a vida concreta. Schopenhauer, por sua vez, o encantou e o envenenou. Foi, por um tempo, o mestre ideal. Depois virou um erro a ser superado. Com Spinoza, houve afinidade. A ética sem Deus, a potência de existir. Com Locke, o distanciamento. Com Goethe, a admiração quase silenciosa. E Shakespeare? Nietzsche o respeitava como se respeita quem já tocou o abismo e voltou para contar.

O mais curioso é que nenhum desses livros aparece em sua obra como citação em destaque. Não há exibição de erudição. O que há é digestão. Ideias transformadas em outra coisa, em outro tom, num outro ritmo. Quando lemos Nietzsche, lemos também as sombras desses livros, mesmo sem perceber. Porque o pensamento, qualquer pensamento, é sempre um eco, ainda que deformado.

Talvez seja isso que torne esses sete livros tão essenciais. Não o que ensinaram a ele, mas o quanto o fizeram reagir. Como se cada página tivesse deixado uma ferida, e o resto do que escreveu fosse uma tentativa de curar.