O faroeste é um dos gêneros mais antigos do cinema, e também um dos favoritos dos cinéfilos. Seu início remonta ao começo do século 20, quando as exibições ainda eram mudas e retratavam a disputa de territórios no Oeste americano, assaltos a trem, os perigos de um mundo pouco explorado, em que a mão do homem mal havia tocado e a natureza ainda prevalecia.
Se antes era uma caçada de gato e rato, uma guerra de “nós contra eles”, do branco contra o indígena, do xerife contra o bandido, lentamente as histórias evoluíram para algo muito mais profundo e complexo. Os faroestes passaram a denunciar a exploração da natureza por um projeto expansionista de conquista de terras mexicanas, disputas sangrentas e antiéticas, homens forçados a se tornarem soldados para defender suas fazendas e famílias, enquanto outros, ambíguos e extremamente viris, lutavam por muito mais do que a própria sobrevivência.
Os mercenários sem moral deram lugar a personagens torturados, contraditórios, mas incansáveis e justiceiros. O faroeste cresceu no imaginário popular, tornando-se um símbolo da masculinidade, da coragem e da honra. Nesta seleção, listamos as melhores obras dos últimos 25 anos, para quem acredita que não se fazem mais faroestes como antigamente. Estamos aqui para provar o contrário.

Na década de 1920, dois irmãos administram um grande rancho em Montana. Um deles é rude, cruel e obcecado por manter as aparências de masculinidade; o outro, mais gentil, decide se casar com uma viúva local, trazendo-a, junto ao filho dela, um jovem delicado e introspectivo, para morar com eles. A partir daí, inicia-se uma tensão psicológica intensa entre os quatro, marcada por manipulações silenciosas, humilhações disfarçadas e jogos de poder. Sob a superfície da vida rural, sentimentos reprimidos e traumas mal resolvidos vão se acumulando, até atingirem um desfecho surpreendente. A narrativa avança lentamente, explorando o impacto devastador da repressão emocional e da crueldade cotidiana no interior dos Estados Unidos.

Um fazendeiro viúvo e reservado vive com o filho em uma propriedade isolada, longe de qualquer civilização. Quando encontra um homem baleado carregando uma sacola de dinheiro, ele decide acolhê-lo e cuidar de seus ferimentos, sem saber se pode confiar em sua história. Logo, três homens armados aparecem exigindo a devolução do dinheiro e alegando serem da lei. Com o perigo se aproximando e seu passado ameaçando emergir, o fazendeiro revela habilidades violentas e precisas, despertando a desconfiança do filho e dos estranhos. Em meio ao cerco, a verdadeira identidade daquele homem recluso começa a se revelar, colocando em xeque o passado do Velho Oeste e reescrevendo a lenda de um dos nomes mais temidos da História americana.

No final do século 19, um veterano da Guerra Civil percorre vilarejos do Texas lendo notícias para comunidades isoladas. Em uma de suas viagens, encontra uma menina de origem alemã que havia sido criada por indígenas Kiowa e agora está sem família. Contra a própria vontade, ele assume a responsabilidade de levá-la de volta aos parentes biológicos. A jornada é marcada por conflitos culturais, ataques de foras da lei e desconfiança mútua entre os dois. Aos poucos, uma relação de afeto silencioso começa a se formar, enquanto enfrentam juntos as hostilidades do território e os traumas do passado. A viagem se torna uma travessia de redenção e reconstrução pessoal para ambos.

Durante a Grande Depressão, dois ex-rangers do Texas, já envelhecidos e quase esquecidos, são chamados de volta à ativa para perseguir o casal de criminosos mais procurado do país. Sem a sofisticação tecnológica do FBI e enfrentando a burocracia policial, eles confiam em seus métodos antigos, mapas de papel, cavalos e faro investigativo, para rastrear os passos dos fugitivos, cruzando pequenas cidades, campos abertos e regiões devastadas pela crise econômica. A narrativa acompanha a obsessão dos veteranos, o peso de suas memórias e o confronto final com os ícones da criminalidade americana. O foco está menos na perseguição do que na desconstrução do heroísmo policial e no custo moral da justiça.

Dividido em seis episódios, cada um ambientado no Velho Oeste, a trama apresenta personagens excêntricos em situações que alternam entre o humor absurdo e o trágico. Um pistoleiro vaidoso que canta antes de atirar, um artista itinerante sem pernas nem braços explorado por seu cuidador, uma mulher solitária envolvida em um improvável pedido de casamento durante uma caravana, e um assaltante azarado que insiste em roubar bancos são apenas alguns dos tipos retratados. Cada história funciona como uma pequena fábula sobre morte, ambição, solidão ou azar, e juntas compõem um retrato poético e cruel da fronteira americana. As paisagens grandiosas contrastam com o destino muitas vezes medíocre dos personagens.