Críticos detonaram, mas o Brasil colocou esse filme alemão no topo da Netflix Divulgação / Netflix

Críticos detonaram, mas o Brasil colocou esse filme alemão no topo da Netflix

Matthias Schweighöfer já tem quase 100 papéis em filmes, mas, no Brasil, pelo menos, seu rosto começou a aparecer há pouco tempo. Na verdade, ele ganhou projeção com o fenômeno Netflix, despontando em produções como “Army of the Dead”, “Resistência”, “As Nadadoras” e “Agente Stone”. Recentemente, “Brick” alcançou o top 10 no Brasil e atraiu os olhos da crítica. Mas a verdade é que o filme não foi tão bem-recebido, sendo considerado por alguns “uma ideia brilhante que não prosperou” e, por outros, “dolorosamente imbecil”.

Escrito e dirigido por Philip Koch, “Brick” parece uma daquelas ideias experimentais de diretores novos que conseguem o aval da Netflix. O enredo nos apresenta o casal Tim (Schweighöfer) e Olivia (Ruby O. Fee), que, há dois anos, passou pela perda traumática de sua filha durante o parto. Agora, vivendo com estresse pós-traumático, ambos tentam seguir suas vidas da forma mais normal possível. Mas a rotina se torna insuportável, e Olivia propõe ao marido uma fuga da realidade: largarem os empregos e caírem na estrada em sua van, sem rumo, em busca de um recomeço. Tim, que é designer de jogos, diz que não pode abandonar tudo agora.

Frustrada e se sentindo presa em uma vida que se tornou uma espiral de dor, Olivia arruma as malas e decide deixar Tim. Quando abre a porta, se depara com um muro preto de blocos eletromagnéticos. As janelas também estão cobertas. Então, ambos passam a esburacar as paredes com uma furadeira para tentar encontrar uma saída. É inútil. Tudo parece encoberto por essa malha impenetrável. As únicas paredes que se rompem são as que dão acesso aos vizinhos. E é fazendo buracos por todos os lados que os protagonistas se unem ao casal de turistas Marvin (Frederick Lau) e Ana (Salba Lee Williams), ao avô e à neta Oswalt (Axel Werner) e Lea (Sira-Anna Faal), além do lunático Yuri (Murathan Muslu).

O grupo embarca em uma empreitada de sobrevivência enquanto tenta descobrir o que está acontecendo e como sair do prédio. As revelações são dadas ao espectador à medida que os próprios personagens vão encontrando as respostas. Entre os questionamentos que surgem estão: o dono do edifício está aprisionando todos para assisti-los lutar até a morte? Os personagens estão presos em uma Matrix e precisam se libertar de uma armadilha virtual? Eles serão todos mortos em uma espécie de jogo, como em “Round 6”? Quem está por trás disso tudo? Há uma infecção global matando todos lá fora, e eles foram isolados para sobreviver? São muitas as perguntas — e a resposta final deixa um gancho para possíveis continuações. Mas será que “Brick” realmente merece uma sequência?

Com uma vibe de futuro próximo, distópico e apocalíptico, o longa-metragem proporciona uma atmosfera claustrofóbica, cheia de dúvidas, incertezas e personagens que não podem confiar uns nos outros. Parece a receita ideal para um thriller psicológico de tirar o fôlego, não é mesmo? Mas acaba se unindo à fila dos filmes genéricos de ação que prometem muito e entregam pouco. Schweighöfer é um bom ator, mas o papel não é forte o suficiente para convencer e nem conquistar o público. Se você busca entretenimento puro e simples, pode até se satisfazer com essa produção alemã bastante pretensiosa, inclusive. Mas, se espera algo mais, experimente outra coisa.

Filme: Brick
Diretor: Philip Koch
Ano: 2025
Gênero: Ação/Aventura/Ficção Científica/Mistério
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★
Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.