10 livros fundamentais da literatura russa, romena, húngara e tcheca — mas pouco conhecidos no Brasil

10 livros fundamentais da literatura russa, romena, húngara e tcheca — mas pouco conhecidos no Brasil

O que sobrevive, nem sempre brilha. Às vezes, é um caderno esquecido numa estante em Tomsk. Noutras, uma edição mimeografada que circulou entre becos de Budapeste, ou um romance adormecido em alguma prateleira de Bucareste, aguardando o colapso da censura. A literatura do Leste Europeu — russa, romena, húngara, tcheca — é feita tanto de cúpulas quanto de porões. Há os nomes que brilham nos salões dourados da história, e há os que sussurram sob a madeira úmida das repúblicas desaparecidas.

Espera-se da Rússia um épico. Da Hungria, uma ironia afiada. Da Tchéquia, uma lógica absurda. Da Romênia, um esoterismo inquietante. Mas esse território comum compartilha algo mais profundo: uma literatura moldada menos por tendências estéticas do que por sobrevivência. Nem tudo é Dostoiévski em transe ou Tolstói a cavalo. Às vezes, é uma menina soviética escrevendo em silêncio; um funcionário kafkiano traduzindo o tédio em revolta; ou um místico romeno tentando decifrar o sagrado entre ruínas e ditaduras.

Quanto mais silenciosas, mais indomadas essas vozes parecem. Como se soubessem que o poder teme o detalhe, o absurdo, o riso contido. Uma sátira publicada sob pseudônimo, um diário nunca pensado para ser lido, um conto sobre a espera — todas formas de resistência. De manter acesa, entre regimes, exílios e apagamentos, a chama escura da linguagem.

Talvez seja isso que une esses livros: o gesto de narrar não para consagrar-se, mas para resistir. Para lembrar que nem toda literatura deseja ser descoberta; algumas apenas querem ser lidas devagar, com a delicadeza de quem recebe um segredo. As sinopses a seguir foram adaptadas das descrições originais das editoras.