Nos últimos vinte anos, enquanto o país oscilava entre crises e reinvenções, uma nova paisagem literária se formava. Autoras que não apenas publicavam: deslocavam, tensionavam, redimensionavam o modo de narrar o Brasil. Não se trata de juventude biográfica, mas de gesto literário — uma escrita que vem das margens, do íntimo, da experiência e da escuta. Para identificar quais dessas vozes marcaram com mais força o imaginário dos leitores, a Revista Bula realizou uma enquete com 237 participantes — leitores frequentes e assinantes de sua newsletter — de quinze estados brasileiros.
A pergunta era simples: quem são, hoje, as maiores escritoras brasileiras em atividade? A resposta, no entanto, desenhou um panorama complexo, atravessado por estilos, temas e territorialidades diversas. A partir das autoras mais citadas, emergiu uma lista de doze nomes que consolidaram suas trajetórias nas duas últimas décadas. Não há pretensão de cânone, mas um retrato em movimento do que tem sido lido, lembrado e valorizado por quem acompanha a literatura com atenção.
Entre os destaques, Andréa del Fuego, vencedora do Prêmio José Saramago, reafirma sua escrita simbólica e densa, que mergulha no desconforto da interioridade. Marcela Dantés, uma das vozes ascendentes da nova geração, constrói uma narrativa visceral, centrada em camadas íntimas da experiência feminina. Tatiana Salem Levy, com livros que transitam entre a memória e a política, ocupa um espaço singular na prosa contemporânea.
Giovana Madalosso alia ritmo narrativo e ironia social, produzindo ficções velozes, mas com lastro. Mariana Salomão Carrara, por sua vez, é o oposto do ruído: seu estilo contido e sensível provoca inquietação pela ausência de excessos. Já Eliana Alves Cruz inscreve a memória da população negra em romances que recuperam o passado escravocrata e os silêncios da história oficial — uma literatura que é também denúncia.
Outras autoras se destacam pela abordagem afetiva e emocional. Natalia Timerman, psiquiatra e escritora, trata o cotidiano com delicadeza sem recuar diante do abismo. Martha Batalha, conhecida por “A vida invisível de Eurídice Gusmão”, conjuga humor e crítica em narrativas que iluminam o que é considerado banal ou doméstico, mas que carrega enorme carga social.
Carola Saavedra, com obras que transitam entre línguas e países, escreve sobre deslocamento, pertencimento e identidade. Ana Paula Maia mantém sua literatura contundente, onde o trabalho árduo, a morte e a violência ocupam o centro do mundo narrado. Adriana Lisboa, cuja prosa é marcada pela contenção lírica e olhar cosmopolita, representa o entre-lugar da brasileira que escreve o Brasil de fora. Por fim, Socorro Acioli, que costura oralidade, realismo mágico e paisagens do Norte do país, encerra a lista com uma obra que pulsa memória e encantamento.
O resultado da enquete é informal, mas não superficial. Ele capta um traço do presente: a percepção de que a literatura brasileira contemporânea está sendo, cada vez mais, narrada por mulheres que não apenas escrevem bem — escrevem com força, com projeto, com posicionamento. Em comum, essas autoras recusam o lugar da concessão. Suas obras não pedem desculpas nem permissão.
Num país em que mulheres ainda enfrentam obstáculos para serem lidas, reconhecidas e lembradas, o simples ato de nomeá-las já é, por si só, um gesto político. E talvez seja esse o maior valor dessa lista: afirmar que a literatura brasileira de agora se escreve no feminino — e que o país, se quiser se entender, terá de lê-las.
A lista de escritoras apresentada neste trabalho está organizada em ordem alfabética, com o objetivo de facilitar a navegação e manter a imparcialidade da seleção. As fotografias que acompanham este material são reproduções provenientes das editoras Companhia das Letras, Todavia e da revista Quatro Cinco Um.

Adriana Lisboa nasceu no Rio de Janeiro, em 1970. É mestre em Literatura Brasileira e doutora em Literatura Comparada. Com sólida formação artística, também estudou música e atuou como cantora e flautista antes de dedicar-se integralmente à literatura. Sua produção inclui romances, poesia, contos, ensaio autobiográfico e obras para o público infantojuvenil. Publicou os romances “Sinfonia em Branco”, vencedor do Prêmio José Saramago, “Azul-Corvo”, “Hanói”, “Todos os Santos” e “Os Grandes Carnívoros”. Suas narrativas tratam de temas como identidade, deslocamento, silêncio, dor e transcendência. Muitas de suas obras foram traduzidas para mais de vinte idiomas, consolidando sua presença internacional. Na poesia, destacam-se os livros “Pequena Música”, que recebeu menção honrosa do Prêmio Casa de las Américas, e “Antes de Dar Nomes Ao Mundo”, de 2025. Adriana também publicou “Todo o Tempo Que Existe”, ensaio autobiográfico que articula memória, tempo e escrita. No campo da literatura para jovens leitores, escreveu livros como “Língua de Trapos”, agraciado com o Prêmio FNLIJ, e “O Coração às Vezes para de Bater”, selecionado pelo selo Cátedra 10 da Unesco. Foi pesquisadora visitante em instituições no Japão e nos Estados Unidos, e escritora residente na Universidade da Califórnia. Sua obra é reconhecida por lirismo, precisão formal e grande profundidade existencial. Atualmente, vive nos Estados Unidos, onde continua produzindo uma das trajetórias mais consistentes da literatura brasileira contemporânea.

Ana Paula Maia nasceu em Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro, em 1977. É autora de uma obra ficcional marcada por realismo cru, linguagem sintética e personagens que habitam margens sociais e geográficas. Com formação em Comunicação Social, iniciou sua trajetória literária publicando contos na internet, até lançar seu primeiro romance, “O Habitante das Falhas Subterrâneas”, em 2003. Ao longo dos anos, desenvolveu uma literatura centrada na dignidade dos que vivem à sombra da sociedade. Publicou os romances “A Guerra dos Bastardos”, “Entre Rinhas de Cachorros e Porcos Abatidos”, “O Trabalho Sujo dos Outros” e “Carvão Animal”, reunidos posteriormente na trilogia conhecida como “Saga dos Brutos”. Nessas obras, explorou universos como abatedouros, penitenciárias, crematórios e zonas industriais, sempre com foco no trabalho extremo e na solidão dos ofícios invisíveis. Consolidou sua voz literária com títulos como “De Gados e Homens”, “Assim na Terra Como Embaixo da Terra”, “Enterre Seus Mortos”, “De Cada Quinhentos Uma Alma” e “Búfalos Selvagens”. Suas obras receberam o Prêmio São Paulo de Literatura em mais de uma edição e vêm sendo traduzidas para idiomas como inglês, francês, alemão, espanhol, italiano e sérvio. Ana Paula Maia é também roteirista e teve obras adaptadas para teatro e audiovisual. Reconhecida como uma das vozes mais potentes da ficção brasileira contemporânea, sua literatura lança luz sobre territórios esquecidos, reafirmando a força ética e estética da margem.

Andréa del Fuego nasceu em São Paulo, em 1975. É formada em Filosofia e iniciou sua trajetória literária publicando contos e crônicas na internet sob pseudônimo, com destaque inicial para a trilogia de contos “Minto Enquanto Posso”, “Nego Tudo” e “Engano Seu”. Sua estreia no romance ocorreu em 2010 com “Os Malaquias”, vencedor do Prêmio José Saramago, traduzido para diversos idiomas e finalista de importantes prêmios literários nacionais. Com uma obra marcada por investigação psicológica e pela tensão entre realidade e alegoria, publicou também os romances “As Miniaturas”, “A Pediatra” e “A Filha do Rei”. Essas narrativas consolidam sua habilidade de criar personagens intensos e situações-limite que dialogam com temas como corpo, maternidade, infância e alienação. Sua escrita é conhecida por sua precisão sintática e escolhas narrativas ousadas, transitando entre o lírico e o sombrio com elegância. Além da ficção adulta, atua na literatura infantojuvenil, com livros como “Sociedade da Caveira de Cristal”, “Quase Caio” e “Irmãs de Pelúcia”, alguns premiados e selecionados para programas de leitura no Brasil. Sua obra tem sido estudada em universidades e integra antologias nacionais e internacionais. Com livros traduzidos para línguas como francês, alemão, espanhol, italiano e hebraico, Andréa del Fuego é uma das escritoras brasileiras mais relevantes da atualidade. Seu trabalho destaca-se pela originalidade estilística, profundidade emocional e potência literária, reafirmando seu lugar central na literatura brasileira contemporânea.

Carola Saavedra nasceu em Santiago do Chile, em 1973, e vive no Brasil desde a infância. É formada em Jornalismo e mestre em Comunicação. Viveu por longos períodos na Alemanha, na França e na Espanha, experiência que marca fortemente sua literatura, centrada nos temas do deslocamento, da identidade e das relações afetivas em crise. Sua estreia como romancista ocorreu com “Toda Terça”, seguida por “Flores Azuis”, vencedor do Prêmio APCA e apontado como um dos livros mais inovadores de sua geração. Em “Paisagem com Dromedário”, premiado com o Prêmio Rachel de Queiroz, Carola explora as fronteiras entre autobiografia e ficção, entre o íntimo e o político. A obra é estruturada em forma de cartas, reforçando seu interesse por narrativas fragmentadas e confessionais. Publicou ainda os romances “O Inventário das Coisas Ausentes”, “Com Armas Sonolentas” e “O Manto da Noite”, este último semifinalista do Prêmio Oceanos. Suas narrativas são marcadas por forte densidade emocional, linguagem precisa e uma atenção constante aos silêncios, à violência simbólica e às cicatrizes da memória. Parte de sua obra já foi traduzida para inglês, francês, alemão e espanhol. É considerada uma das autoras mais sofisticadas da literatura brasileira contemporânea, com presença crescente no circuito acadêmico internacional. Atualmente, divide-se entre o Brasil e a Alemanha, onde continua a desenvolver projetos literários e de pesquisa.

Eliana Alves Cruz nasceu no Rio de Janeiro, em 1966. É formada em Comunicação Social e iniciou sua carreira profissional como jornalista, atuando em redações e no setor de comunicação corporativa. A partir de pesquisas sobre sua ancestralidade, iniciou um trabalho literário comprometido com a memória afro-brasileira, o legado da escravidão e as formas de resistência da população negra no Brasil. Seu romance de estreia, “Água de Barrela”, foi vencedor do Prêmio Oliveira Silveira e se destaca por narrar a saga de sua própria família, desde o tráfico atlântico de escravizados até os dias atuais. A obra tornou-se referência no debate sobre literatura afro-brasileira contemporânea. Em seguida, publicou “O Crime do Cais do Valongo”, ambientado na zona portuária do Rio de Janeiro, onde reflete sobre silenciamento histórico e invisibilidade social. Em 2020, lançou “Nada Digo de Ti, Que em Ti Não Veja”, seguido por “Solitária” (2021) e “A Vestida” (2022), ambos vencedores do Prêmio Jabuti. Suas narrativas entrelaçam ficção e documentação histórica com estilo envolvente e comprometido com a justiça social. Além da ficção adulta, colabora com projetos educativos e culturais voltados à valorização da cultura negra no Brasil. Com obras em processo de tradução, Eliana Alves Cruz afirma-se como uma das autoras mais importantes da literatura brasileira contemporânea, com papel ativo na reconstrução da memória histórica nacional por meio da arte narrativa.

Giovana Madalosso nasceu em Curitiba, em 1975. É formada em Jornalismo e atuou por mais de uma década como redatora publicitária antes de dedicar-se integralmente à literatura. Sua estreia ocorreu com a coletânea de contos “A Teta Racional”, obra que chamou atenção por seu olhar crítico e bem-humorado sobre as contradições da vida urbana, e foi semifinalista do Prêmio Biblioteca Nacional. Em 2018, lançou o romance “Tudo Pode Ser Roubado”, que a consolidou no cenário literário e foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura. O livro trata de desejo, roubo e transformação, com uma protagonista ambígua que desafia modelos morais convencionais. Em 2020, publicou “Suíte Tóquio”, obra marcada por uma narrativa ágil e sensível sobre migração, maternidade e alienação, que recebeu indicações a prêmios importantes e já teve seus direitos adquiridos para publicação internacional. Em 2025, lançou “Batida Só”, romance que aprofunda a relação entre fé, corpo e memória. Sua prosa é marcada por ritmo coloquial e construção de personagens femininas complexas, que habitam dilemas contemporâneos de forma crítica e afetuosa. Madalosso é considerada uma das autoras mais originais da literatura brasileira recente, com crescente projeção internacional e presença constante em debates sobre literatura e sociedade.

Marcela Dantés nasceu em Belo Horizonte, em 1986. É formada em Comunicação Social e pós-graduada em Processos Criativos em Palavra e Imagem. Iniciou sua carreira na publicidade, atuando como redatora, até dedicar-se integralmente à literatura. Estreou na ficção com a coletânea de contos “Sobre Pessoas Normais”, publicada em 2016, obra que recebeu destaque ao ser semifinalista do Prêmio Oceanos. Sua escrita chamou atenção pela linguagem contida e pela sensibilidade na construção de personagens comuns, marcados por ausências, dúvidas e passagens silenciosas da vida cotidiana. Em 2020, lançou o romance “Nem Sinal de Asas”, no qual aprofunda temas como culpa, fragilidade emocional e deslocamento afetivo. A obra foi finalista dos prêmios Jabuti e São Paulo de Literatura, e firmou sua presença no circuito literário nacional. Em 2022, publicou “João Maria Matilde”, narrativa que articula diferentes vozes e temporalidades para abordar questões familiares e identidade. Em 2024, lançou “Vento Vazio”, um romance de fôlego mais introspectivo, centrado na relação entre corpo e memória, silenciosamente atravessado por experiências de perda e reconstrução subjetiva. Sua prosa é marcada pelo domínio da voz narrativa e pelo cuidado com a forma. Com obras em negociação para tradução, Dantés consolida-se como uma das autoras mais consistentes da nova literatura brasileira. Reside em Belo Horizonte, onde segue escrevendo romances que exploram com delicadeza a intimidade humana e suas zonas de sombra.

Mariana Salomão Carrara nasceu em São Paulo, em 1986. É formada em Direito e atua como defensora pública. Sua trajetória literária é marcada por um olhar sensível sobre a morte, a fragilidade humana e os laços afetivos. Publicou seu primeiro romance, “Idílico”, em 2007, e desde então desenvolveu uma obra consistente e premiada. Com “Fadas e Copos no Canto da Casa”, reafirmou sua capacidade de narrar o íntimo com delicadeza. Em 2019, lançou “Se Deus Me Chamar Não Vou”, finalista do Prêmio Jabuti, que a projetou nacionalmente ao tratar com leveza e força poética a história de uma criança diante da morte e da linguagem. Em 2021, publicou “É Sempre a Hora da Nossa Morte Amém”, finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, onde reafirma sua poética voltada ao fim, à perda e à reinvenção emocional. Em 2022, lançou “Não Fossem as Sílabas do Sábado”, romance vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura em 2023. Em 2024, publicou “A Árvore Mais Sozinha do Mundo”, explorando o silêncio e o abandono sob uma ótica contemplativa. Em 2025, estreou na literatura infantil com “Sabor Paciência”, mantendo seu estilo lírico e introspectivo. Mariana Carrara é reconhecida por uma escrita contida, marcada por personagens introspectivos e temáticas existenciais. Com forte presença em premiações e crescente atenção crítica, figura entre os nomes mais relevantes da ficção brasileira contemporânea.

Martha Batalha nasceu em Recife, em 1973, e foi criada no Rio de Janeiro. É formada em Jornalismo, com mestrado em Literatura Brasileira e em Editoração. Antes de estrear como escritora, atuou como repórter em veículos de comunicação e fundou uma editora independente. Posteriormente, mudou-se para os Estados Unidos, onde vive atualmente. Sua estreia na literatura ocorreu com o romance “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, publicado inicialmente no exterior. A obra narra a trajetória de uma mulher comum que desafia o silenciamento imposto às mulheres na sociedade brasileira do século 20. O livro foi amplamente traduzido e adaptado para o cinema com repercussão internacional. Sua narrativa mescla humor refinado e crítica social, elementos que se tornariam marcas de sua escrita. Em seguida, publicou “Nunca Houve Um Castelo”, romance familiar que acompanha diferentes gerações e questiona os modelos sociais de sucesso e fracasso. Em 2023, lançou “Chuva de Papel”, uma ficção melancólica sobre memória, relações e envelhecimento, também finalista do Prêmio Jabuti. Martha Batalha é reconhecida por sua habilidade em retratar o cotidiano com lirismo e ironia, criando personagens femininas densas e contraditórias. Com presença consolidada no mercado internacional e obras em constante circulação, figura entre os nomes mais destacados da ficção contemporânea brasileira.

Natalia Timerman nasceu em São Paulo, em 1981. É médica formada pela Universidade Federal de São Paulo, com especialização em psiquiatria, mestrado em Psicologia Clínica e doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo. Sua formação multidisciplinar, aliada à experiência profissional em contextos hospitalares e prisionais, marca profundamente sua escrita, voltada à investigação da intimidade, da dor e das contradições humanas. Sua estreia literária se deu em 2017, com o livro de não ficção “Desterros: Histórias de Um Hospital-Prisão”, no qual retrata o cotidiano da saúde mental em ambientes carcerários. Em 2019, publicou a coletânea de contos “Rachaduras”, finalista do Prêmio Jabuti, onde explora fragilidades psíquicas e rupturas afetivas. O romance “Copo Vazio” (2021) consolidou seu nome na literatura brasileira contemporânea ao tratar do luto amoroso e do abandono com escrita econômica e alta carga emocional. Em 2023, lançou “As Pequenas Chances”, obra também publicada em Portugal, abordando a perda da mãe e os limites do cuidado na experiência do luto. Atua ainda na literatura infantojuvenil, com o livro “Os Óculos de Lucas”, que aborda diversidade e aceitação. Sua obra é reconhecida por integrar com precisão o universo da clínica médica ao campo literário, desenvolvendo narrativas que combinam observação refinada, introspecção e densidade afetiva. É considerada uma das principais autoras da nova geração da literatura brasileira.

Socorro Acioli nasceu em Fortaleza, em 1975. É formada em Comunicação Social, com mestrado em Literatura Brasileira e doutorado em Estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminense. Iniciou sua carreira escrevendo biografias e literatura infantojuvenil, consolidando-se como uma das autoras mais respeitadas do gênero no Brasil. Suas primeiras publicações, voltadas ao público jovem, receberam o selo Altamente Recomendável da FNLIJ e diversos prêmios regionais. Em 2006, foi selecionada para uma oficina de roteiro com Gabriel García Márquez, na Escola de Cinema de San Antonio de los Baños, em Cuba, onde desenvolveu o esboço do romance “A Cabeça do Santo”. O livro, publicado em 2014, mistura realismo mágico, religiosidade popular e temas como abandono e reconciliação. Tornou-se sua obra de maior projeção, com traduções para diversos idiomas e reconhecimento em prêmios internacionais. Em 2023, lançou “Oração para Desaparecer”, romance voltado ao público adulto, no qual aborda violência de gênero, luto e redenção com grande força emocional e domínio narrativo. No ano seguinte, organizou a antologia “O Dia Escuro”, reunindo autoras brasileiras contemporâneas em torno de contos sobre perda, infância e reconstrução. Socorro Acioli é também pesquisadora, tradutora e professora, tendo participado de programas literários e residências em diversos países. Sua produção é marcada pela fusão entre oralidade nordestina, lirismo e profundidade psicológica, consolidando seu nome entre os mais expressivos da literatura brasileira contemporânea.

Tatiana Salem Levy nasceu em Lisboa, em 1979, filha de brasileiros exilados durante a ditadura militar. Vive no Brasil desde a infância. É formada em Letras e possui doutorado em Estudos de Literatura. Sua obra é marcada por temas como memória, herança cultural, migração e relações familiares, frequentemente explorados com profundidade existencial e apuro formal. Estreou na ficção com o romance “A Chave de Casa”, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura na categoria estreante e finalista do Prêmio Jabuti. O livro mistura ficção e autobiografia, abordando o exílio, a busca por pertencimento e os vínculos afetivos atravessados pela história. Depois publicou “Dois Rios”, “Paraíso” e “Vista Chinesa”, este último elogiado por sua representação sensível da violência e da reconstrução psíquica diante do trauma. Em 2024, lançou “Melhor não Contar”, obra que consolida sua maturidade narrativa e experimenta novas formas de intimidade textual. Tatiana também escreve livros para o público infantojuvenil, explorando temas como diversidade e identidade. Suas obras foram traduzidas para diversos idiomas e vêm sendo objeto de estudo em universidades no Brasil e no exterior. Com uma escrita que combina densidade emocional e domínio técnico, afirma-se como uma das autoras mais relevantes da literatura brasileira contemporânea.