4 livros que deveriam vir com um aviso: mais de 200 páginas de enrolação

4 livros que deveriam vir com um aviso: mais de 200 páginas de enrolação

Nem todo livro longo é lento — e nem todo livro lento é ruim. Mas há uma categoria secreta, conhecida apenas por leitores que já sofreram calados, onde as páginas se multiplicam com a audácia de quem não tem pressa, pudor ou editor com tesoura afiada. São romances que não correm, não explicam, não terminam. Eles caminham — e às vezes só caminham. Com frases tão bem construídas que parecem ter sido projetadas para serem admiradas como vitrais: belas, complexas e absolutamente imóveis.

Não é uma crítica disfarçada. É um elogio torto, sim, mas ainda assim um elogio. Esses livros têm seu valor — aliás, têm tanto valor que às vezes parecem pesar mais do que deveriam. São como malas de viagem feitas por alguém que não sabe o que vai encontrar, então leva tudo. Tudo mesmo. Tem análise sociopolítica, digressão metafísica, descrição de cortinas, memória de infância e, claro, o trauma — sempre o trauma — que serve de estrutura para justificar a densidade. Ou o tédio.

O que impressiona — e esgota — não é a falta de qualidade. É o excesso. Há talento ali, quase sempre. Mas há também uma espécie de prazer sádico em manter o leitor imóvel, como se o ritmo narrativo fosse um teste de fidelidade, não uma parceria. São livros que poderiam ser extraordinários em duzentas páginas. Mas escolheram ser monumentais em quinhentas. E tudo bem. Alguns leitores gostam de longas caminhadas.

É curioso: quando esses livros funcionam, viram experiências transformadoras. Quando não funcionam, deixam a sensação de que algo importante aconteceu — só que muito devagar. E mesmo isso tem seu charme. É preciso coragem para escrever devagar num mundo que gira depressa. E mais coragem ainda para seguir lendo, página após página, esperando que em algum momento… algo aconteça. Nem que seja apenas a sensação de ter chegado ao fim.

Mas talvez — só talvez — esse seja o ponto. Livros que se estendem além do necessário também nos ensinam sobre espera, persistência e sobre o valor de abandonar um parágrafo que já disse tudo na linha anterior. Ou não disse nada.