Ingredientes:
1 — Pessoas.
2 — Saúde.
3 — Trabalho.
4 — Dinheiro.
Modo de preparar:
Primeiramente, é fundamental escolher bem os ingredientes. Não vai fazer uma receita contando com qualquer pessoa, senão a felicidade não cresce. Pegue as pessoas. Misture bem as pessoas, a esmo, ao léu, com muito cuidado e gentileza, sem preconceitos de raça, casta, religião e gênero. Acrescente um bocado de calor humano, aos poucos, com sinceridade. Quebre o gelo com pitadas de sol. Vai mexendo devagar, sem bater, a ponto que ninguém mais o reconheça de tanto você falar de amor. Pode parecer estranho, portanto, descanse, deixe assentar. Dê tempo ao tempo. Então, adicione saúde, o principal fermento de qualquer boa receita. Sem saúde, a felicidade será incompleta, insossa, não vai ficar prestando. Acrescente trabalho a gosto, um trabalho digno, honesto, que seja realização pessoal, mas, também, contribuição em prol da comunidade na qual você mora. Cuidado com o ponto, agora: não deixe passar nem faltar previdência. Afinal, o dia de amanhã nunca se sabe. Certifique-se de não se exceder no trabalho, senão a sua presença falha, a saúde talha e a receita vai toda pro beleléu. Abra a janela. Olhe só que céu. Não dá pra ser infeliz com uma paisagem assim. Pra terminar, pra começar uma vida nova repleta de felicidade na mesa, despeje dinheiro no bolso, na conta bancária das pessoas, valores justos, é óbvio, que é pra dar mais gosto em viver. Cuidado para não polvilhar dinheiro além do necessário, senão as pessoas azedam, incham, embatumam e a felicidade vai perdendo sabor. Sim, pode decorar a cozinha com flor, não tem nenhum problema, contudo, antes de mais nada, unte a longa estrada com a saliva do beijo, o suor do desejo e lágrimas de solidariedade. Chore. Deixe ferver. Mete a colher onde é chamado. Vai mexendo tudo devagar e com carinho, até a felicidade ficar consistente. Descanse novamente. Reserve. Deixe a alegria crescer no seu peito. Então, despeje tudo numa forma bem grande. Pode ser do tamanho de um abraço de perdão, por exemplo. O importante é que caiba todo o amor que puder dar. Espalhe. Massageie. Sinta a textura, a maciez, o prazer que advém da massa. Leve a forno baixo, 40 graus centígrados, à sombra de um coqueiro, de preferência, com vista para o mar. Aguarde alguns minutos. Pode ser que demore anos. Não tenha pressa. Deixe assar. Deixe o rosto corar. Deixe a tristeza passar. A sua hora tá chegando. Quando sentir que ficou no ponto, sirva a felicidade acompanhada com vinho tinto e um belo pôr do sol. Ponha a mesa. Deite e role. Prepare-se para os elogios. A sua vida ficou uma delícia.