Livros

A escritora que morreu pobre, foi esquecida numa cova rasa e, décadas depois, voltou ao centro do mundo

A escritora que morreu pobre, foi esquecida numa cova rasa e, décadas depois, voltou ao centro do mundo

Zora Neale Hurston atravessou o século com uma voz que não pedia licença: recolheu fala de varandas, elevou dialetos a arquitetura de pensamento, escreveu romances que respiram como cidades. Enterrada sem nome, foi reencontrada e devolvida ao mapa por leitoras que escutaram mais fundo. Entre Eatonville, o lago Okeechobee e Africatown, sua escrita ligou arquivo, festa e justiça. Este perfil acompanha o caminho da cova rasa ao coro público, e mostra como seus livros mudaram a língua de um país ao mudarem de quem se escuta primeiro. Depois do silêncio.

Os 5 livros que Stephen King daria para Dostoiévski se ele estivesse vivo

Os 5 livros que Stephen King daria para Dostoiévski se ele estivesse vivo

Stephen King nunca conhecerá Dostoiévski, mas é possível imaginar o que colocaria nas mãos do autor russo. Não seriam histórias de terror convencionais, e sim narrativas que expõem o mal sem metáfora, o silêncio como ameaça, a fé como mistério e a guerra como memória insuportável. Cinco livros, vindos de tempos e lugares distintos, que partilham uma mesma obsessão: descobrir como a consciência humana reage quando as certezas caem. Um presente improvável, construído para provocar mais perguntas do que respostas.

A última madrugada de Sylvia Plath: Londres, 1963, portas vedadas, filhos dormem, ela escreve e morre ao amanhecer Gordon Ames Lameyer / Universidade de Indiana

A última madrugada de Sylvia Plath: Londres, 1963, portas vedadas, filhos dormem, ela escreve e morre ao amanhecer

De Boston à Cambridge, da bolsa que a levou além-mar ao encontro com um poeta carismático, a trajetória dela foi ascensão e fricção. Rigorosa desde cedo, transformou rotina em disciplina: acordar antes das crianças, escrever no frio, medir cada frase. Casou, mudou-se, teve dois filhos, separou-se, subiu um sobrado em Primrose Hill quando o país congelava. Entre contas, cartas e leituras, perseguiu precisão. Aos trinta, num fevereiro implacável, a vida se interrompe. Ficou a obra, e o percurso de quem fez da linguagem um lugar para resistir, contra o frio.

Por que Flores para Algernon continua sendo um dos livros mais cruéis e humanos já escritos

Por que Flores para Algernon continua sendo um dos livros mais cruéis e humanos já escritos

A ascensão intelectual de Charlie Gordon é acompanhada por meio de relatórios de progresso que respiram. A linguagem cresce, afia, ilumina laços e crueldades ocultas, até perceber que todo ganho carrega a semente da queda. A partir daí, cada simplificação gramatical vira ferida, cada gesto de cuidado sustenta o que a memória abandona. Sem vilões de cartolina, o romance desmascara o espetáculo científico, o deboche cotidiano e o medo.

Ele escrevia como se faltasse ar: a história do escritor brasileiro que fez milhões chorar em silêncio

Ele escrevia como se faltasse ar: a história do escritor brasileiro que fez milhões chorar em silêncio

Entre o Potengi e a máquina de escrever, José Mauro de Vasconcelos transformou errância em método e memória em forma. De Bangu a Natal, dos barcos ao set, aprendeu ritmo com o corpo e precisão com a escuta. Caminhava cenários antes de escrevê-los; ruminava anos, escrevia em dias. Atuou, roteirizou, narrou com foco de câmera e calor de conversa. Sua prosa une delicadeza e corte, infância e ferida, humor e contenção. Atravessou salas de aula e fronteiras porque fala baixo e acerta fundo.