Crônica

As árvores da minha vida

As árvores da minha vida

Nunca entendi por que as pessoas não gostavam da velha paineira lá da chácara. Era a minha árvore favorita quando criança: suas fortes e exuberantes raízes aparentes aconchegavam na hora do descanso e funcionavam como fortalezas imaginárias em qualquer brincadeira; seus galhos estavam sempre cheios de passarinhos; e, na época certa, seus fiapos de paina cobriam o pasto ao redor: eu pensava que isso devia ser algo parecido com a neve.

A angústia de não saber ler

A angústia de não saber ler

Foi por teimosia que eu me tornei um leitor compulsivo. Eu estava na segunda-série quando minha mãe me levou para fazer a carteirinha da biblioteca municipal de Taquarituba e me lembro perfeitamente da solenidade que me acometeu diante daquele ritual de aprontar foto 3×4, esperar a bibliotecária datilografar meu nome, data de nascimento, endereço, telefone de casa, depois sair com uma fichinha onde seriam anotados os livros retirados que, após entregues, mereceriam na linha correspondente um carimbo “devolvido” com a data e a assinatura da funcionária.

Como usar a inteligência artificial a seu favor

Como usar a inteligência artificial a seu favor

O problema é que, às vezes, algo muito doido acontece: as inteligências artificiais alucinam e acabam atrapalhando. Alucinar é o termo usado para dizer que a inteligência artificial inventou informações — o que ainda acontece bastante. O problema é que a inteligência artificial alucina, mas quem é taxado de maluco e mandado embora é o cara que a usou para o seu trabalho.

NA-NA-NA-NA-NA-NA-NA

NA-NA-NA-NA-NA-NA-NA

Chamar Paul McCartney de velho seria um insulto à própria velhice. A mocidade apegou-se a ele desde os primórdios da beatlemania até os dias atuais, quando continua a subir no palco para testar os limites físicos de suas cordas vocais enrijecidas pelo tempo. Desafinar todo mundo desafina. Não vão querer exigir afinação perfeita de um homem de 83 anos de idade. Há, contudo, que se desafinar com elegância. Desafiar o tempo. Destilar o amor sob olhares de contentamento. Amor é troca. Amor é via de mão dupla.

Não seria legal se fossemos mais jovens? (10 canções essenciais de Brian Wilson e dos Beach Boys) Foto / Christian Bertrand

Não seria legal se fossemos mais jovens? (10 canções essenciais de Brian Wilson e dos Beach Boys)

A morte de Brian Wilson não apenas encerra a trajetória de um gênio da música pop — ela acende memórias adormecidas, evoca juventudes perdidas e escancara a crueldade do tempo. O líder dos Beach Boys, surfando entre sucessos e demência, nos deixa um legado de harmonias impecáveis e dores silenciosas. Neste texto, a emoção não é tratada com sentimentalismo barato, mas com ironia afiada e certa resignação nostálgica. Não se trata apenas de música, mas de envelhecer ouvindo ecos de ondas que já quebraram. Porque, no fim das contas, continuar vivo também tem seu custo. E às vezes, é alto.