“Matrix Resurrections” é, em essência, um reencontro desconfortável com o passado. Não porque ele envelheceu, mas porque o presente desistiu de ser radical. Quando Lana Wachowski decidiu revisitar o universo que redefiniu a ficção científica no final dos anos 1990, o que surgiu não foi um novo salto ontológico sobre realidade e simulacro, mas um reflexo cansado do que já foi subversão.
A figura do homem que captura crianças e as leva embora dentro de um saco, mito que atravessa gerações, culturas e infâncias, ganha no longa-metragem “O Homem do Saco” uma roupagem moderna, mais próxima da falência familiar e da paranoia cotidiana do que de qualquer lenda folclórica.
William Wyler examina poder, honra e pertencimento em um faroeste de horizontes largos e decisões íntimas. Sem alarde, o filme foca relações de posse e responsabilidade diante da água e da terra, discutindo o que é bravura em um ambiente que confunde respeito com intimidação. Gregory Peck, Jean Simmons, Carroll Baker, Charlton Heston e Burl Ives formam um elenco que ilumina um conflito entre famílias e códigos locais. Uma narrativa sobre como a civilidade se constrói ou se desfaz quando ninguém está olhando.
Martin Scorsese, mais do que qualquer outro cineasta norte-americano, entende o capitalismo como uma religião sem transcendência, cujo altar é o próprio corpo em êxtase. Em “O Lobo de Wall Street”, o diretor abandona a culpa católica que perpassava sua filmografia e entrega uma espécie de missa negra do mercado financeiro, uma celebração da ganância que não busca expiação, apenas permanência.
”Eden”, dirigido por Ron Howard, narra sobre um grupo de europeus pós-Primeira Guerra busca isolamento nas Ilhas Galápagos para fundar um novo modelo de vida, livre da moral decadente do Velho Mundo. A premissa parece promissora, e de fato é, mas o resultado é um estudo sobre como qualquer ideal de pureza se dissolve quando confrontado com a natureza humana, que não é nem pura, nem regenerável, apenas teimosamente igual a si mesma.
