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A anatomia do poder e da corrupção moral em clássico do cinema na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

A anatomia do poder e da corrupção moral em clássico do cinema na Netflix

Há algo de profundamente hipnótico na lógica interna de “O Poderoso Chefão”. Não é apenas um retrato do crime organizado, mas um tratado sobre o poder em seu estado mais cru, aquele que nasce do medo e se sustenta pela lealdade. Francis Ford Coppola constrói, com precisão quase filosófica, uma alegoria sobre a estrutura de autoridade e as engrenagens da dominação.

O filme de Noah Baumbach na Netflix que vai conversar com suas feridas familiares Atsushi Nishijima / Netflix

O filme de Noah Baumbach na Netflix que vai conversar com suas feridas familiares

O caos doméstico tem uma estranha habilidade de se disfarçar de afeto. Às vezes, ele usa a forma de esculturas pretensamente geniais; noutras, veste o terno de um pai que jurou ter feito o melhor que pôde, especialmente quando não fez. Em “Os Meyerowitz — Família Não Se Escolhe”, Noah Baumbach nos convida a visitar um clã que domina essa arte com talento quase hereditário: o de amar com cotovelos, pedir atenção esfregando mágoas e sobreviver ao legado emocional de um patriarca que jamais entendeu a diferença entre orgulho e acolhimento.

Divertido e encantador: o filme da Netflix que vai roubar seu coração Divulgação / Golden Village Pictures

Divertido e encantador: o filme da Netflix que vai roubar seu coração

O envolvimento romântico de duas pessoas enfrenta provações de toda natureza, e é por aí que “I Fine… Thank You… Love You” quer se mover. O tailandês Mez Tharatorn disseca as mágoas e exalta as delícias da paixão e do afeto mais genuíno e refinado, compondo outro dos tantos alertas que o cinema atreve-se a fazer, às vezes sem nenhum proveito.

Filme de Wes Anderson na Netflix é um experimento elegante à espera de uma alma Divulgação / Focus Features

Filme de Wes Anderson na Netflix é um experimento elegante à espera de uma alma

Há uma tendência recorrente na filmografia de Wes Anderson: a organização milimétrica do caos humano. Entretanto, em “Asteroid City”, essa relação se desequilibra. O rigor formal permanece inabalável, porém o conteúdo dramático se dilui, como se o filme hesitasse diante das próprias perguntas. Essa hesitação não se traduz em ambiguidade produtiva, mas em uma fragmentação que compromete o impacto emocional e a inteligibilidade narrativa.

O filme de realismo fantástico que transforma o impossível em metáfora da solidão moderna, na Netflix Divulgação / Netflix

O filme de realismo fantástico que transforma o impossível em metáfora da solidão moderna, na Netflix

O mito de voar sempre carregou uma promessa indecente: escapar daquilo que nos prende ao chão, às convenções, às regras, às etiquetas silenciosas que nos ditam como viver. Em “O Homem sem Gravidade”, essa fantasia ganha corpo no momento em que um recém-nascido se recusa, com elegância involuntária, a aceitar o peso do mundo. Não é apenas um bebê que flutua.