A poeta que o Brasil deixou morrer em silêncio: prêmios não pagaram o aluguel, sopa fria e a palavra como único salário
Entre o quarto da Casa do Estudante e as salas da USP, Orides Fontela fez do rigor sua sobrevivência. Nascida em 1940, em São João da Boa Vista, atravessou censura, inflação e prêmios que não pagavam aluguel. Em 1996, diante das câmeras do SBT, preferiu pausas a anedotas. Em 1998, morreu em Campos do Jordão, reconhecida no último instante por um médico atento. Só depois, o país aprendeu o alcance de sua voz. Esta reportagem reconstrói a vida áspera que lapidou uma poesia de precisão e coragem, sem pedir piedade.