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A escritora brasileira que foi chamada de louca e internada em hospícios por desafiar o que era esperado de uma mulher

A escritora brasileira que foi chamada de louca e internada em hospícios por desafiar o que era esperado de uma mulher

Maura Lopes Cançado viveu no limite entre lucidez e loucura, escrevendo desde os porões dos hospícios em que foi confinada. Autora de apenas dois livros, a escritora mineira chocou a sociedade brasileira dos anos 1950 e 1960 com textos radicais sobre sexualidade, psiquiatria e liberdade feminina. Admirada por intelectuais e renegada pela crítica, Maura viveu cercada por escândalos e tragédias pessoais, até cair no esquecimento por décadas. Hoje, sua obra retorna às livrarias como testemunho essencial de uma mulher que ousou transformar a literatura num ato definitivo de resistência.

O homem que escreveu um livro inteiro piscando o olho esquerdo enquanto seu corpo morria

O homem que escreveu um livro inteiro piscando o olho esquerdo enquanto seu corpo morria

Jean-Dominique Bauby sofreu um AVC e perdeu quase todos os movimentos, exceto o de uma única pálpebra. Com ela, escreveu letra por letra o livro “O Escafandro e a Borboleta”, recusando a piedade e transformando o silêncio em forma. Ditado com o olho esquerdo, o livro narra sua lucidez, desejo e humor intactos. A escrita, feita à beira da imobilidade absoluta, é mais do que testemunho: é estrutura. Uma piscada por vez, Bauby desafiou a própria extinção. Não escreveu para inspirar, escreveu para continuar existindo.

O fim do pai e o começo da voz: o que Natália Timerman e Leïla Slimani têm em comum Fotos / Renato Parada e Francesca Montovani

O fim do pai e o começo da voz: o que Natália Timerman e Leïla Slimani têm em comum

Duas escritoras, dois lutos, duas formas de entender a morte como ponto de virada. Uma encontra na ausência do pai a chave para a origem. A outra, o impulso para se tornar o que ainda não era. Ambas escrevem da margem da dor, mas sem sentimentalismo — com lucidez e desassossego. Quando o pai se vai, algo se desloca: a tradição cede, a identidade emerge, a escrita acontece. E talvez, entre o silêncio herdado e a voz recém-descoberta, o que se forma seja não só literatura, mas lugar para existir.

A história da escritora que escandalizou o Brasil em 1920 — e foi apagada como quem cometeu um crime

A história da escritora que escandalizou o Brasil em 1920 — e foi apagada como quem cometeu um crime

Chrysanthème foi uma das vozes mais ousadas e incômodas da literatura brasileira no início do século 20. Escreveu sobre vício, desejo e histeria feminina com linguagem afiada e intensidade rara. Foi publicada, vendida, elogiada e, depois, meticulosamente esquecida. Neste ensaio, resgatamos a trajetória de Cecília Vasconcelos, mulher que escreveu como quem desafia a própria história — e foi apagada por isso. Seu nome não consta nos cânones literários, mas sua obra ainda pulsa como corte. Redescobri-la é lembrar que, às vezes, escrever é sangrar com método.

A história do escritor brasileiro que ensaiou a própria ruína e saiu de cena antes do primeiro aplauso

A história do escritor brasileiro que ensaiou a própria ruína e saiu de cena antes do primeiro aplauso

Era como se escrevesse com o corpo. Ou contra ele. A língua que cuspia não obedecia à gramática dos vivos, nem dos mortos. Tinha um jeito de estar fora da sala mesmo quando era o centro da mesa. Falava atravessado, com os olhos meio fundos, meio ausentes. Ninguém sabia ao certo se estava fingindo ou dissolvendo. Talvez as duas coisas. O fato é que, quando lançou “PanAmérica”, em 1967, já parecia ter saído de si fazia tempo.