Bula conteúdo

Se Clarice Lispector tivesse Twitter, seria cancelada em três dias

Se Clarice Lispector tivesse Twitter, seria cancelada em três dias

Que Clarice Lispector (1920-1977) é muito mais citada que lida não resta dúvida. Quase meio século depois de sua morte, Clarice parece ter caído nas graças de leitores e não leitores, prontos, estes mais que os primeiros, a tecer as mais estapafúrdias teorias acerca da escritora, sua caudalosa produção quase sempre certeira, suas manias, seu temperamento quase nunca preciso. Essa paixão ignorante dá azo a devaneios tão insólitos quanto disparatados. Imaginá-la no Twitter, por exemplo, é um tentador anacronismo.

Crescer nos anos 80 sem internet: quando a infância cabia numa rua sem wi-fi

Crescer nos anos 80 sem internet: quando a infância cabia numa rua sem wi-fi

Nos anos 80, crescer no interior de São Paulo, de Minas, de Goiás ou de qualquer cidade fora do centro era ser formado por ausências: sem internet, sem urgência, sem público. A infância se espalhava entre rádios AM, bicicletas com freio gasto, silêncios de quintal. Nada era salvo; quase tudo sumia. A imaginação era o único arquivo. O tempo era morno, extenso, poroso. Este texto não é nostalgia: é memória encarnada. Uma tentativa de lembrar como era existir antes que tudo passasse a ser gravado — e perdido de outro jeito.

O que é ser leitor profissional? Relato de uma vida entre páginas, cafés e manuscritos

O que é ser leitor profissional? Relato de uma vida entre páginas, cafés e manuscritos

O que faz um leitor profissional, essa figura quase invisível do mercado editorial, que lê o que ninguém mais quer ler — e tenta salvar o que ainda pode ser salvo? Neste relato em primeira pessoa, conheça o cotidiano silencioso e brutal de quem vive entre manuscritos rejeitados, frases brilhantes sem lar e decisões que nunca vão para os créditos. Um testemunho raro e sincero sobre curadoria, cansaço e beleza. Uma carta íntima sobre o ofício de ler para os outros — e, no processo, perder um pouco de si.

Se Castelo Rá-Tim-Bum estreasse hoje, seria cancelado

Se Castelo Rá-Tim-Bum estreasse hoje, seria cancelado

Criado por Cao Hamburger e Flavio de Souza, o “Castelo Rá-Tim-Bum” (1994-1997) até hoje é reverenciado como sinônimo de produção lúdica e educacional. Contudo, se fosse relançado agora, em plena era das redes sociais, da polarização e das suscetibilidades, a glória haveria de ser a mesma ou Nino, Doutor Victor, Morgana e companhia amargariam uma rejeição instantânea e encarniçada?

A web morreu — e a ‘The Economist’ apenas fez o obituário

A web morreu — e a ‘The Economist’ apenas fez o obituário

Talvez tenhamos errado ao imaginar que o valor de um conteúdo estivesse atrelado ao número de olhos que o viam. E talvez agora estejamos sendo punidos pela ingenuidade. Porque o que está acontecendo não é um roubo. É uma substituição de hábito. Uma reorganização da hierarquia cognitiva. O humano passa a ser um obstáculo, não um ponto de passagem. “Não clique, não leia, só pergunte.” A IA entrega. A IA já leu por você.