Thriller psicológico na Netflix, consegue ser brutal, agonizante e divertido ao mesmo tempo
O espanhol Álex de la Iglesia é um dos diretores mais competentes do cinema contemporâneo quanto a lidar com a dicotomia entre a crueza sem-graça da realidade e o grotesco — que, não raro, descamba para o caótico — num filme. Da mesma forma que o compatriota Luis Buñuel (1900-1983), De la Iglesia permite que sua história transite sem nenhum receio entre o exagero da fantasia mórbida e a simplicidade do cotidiano no pequeno estabelecimento de uma metrópole, um dando ao outro a fundamentação retórica de que o enredo carece para se fazer verossímil, mas também onírico — neste caso, evocando o pesadelo — de um só golpe.