5 livros que, se fossem pessoas, seriam processados — e deveriam vir com o telefone de um terapeuta no final

5 livros que, se fossem pessoas, seriam processados — e deveriam vir com o telefone de um terapeuta no final

Existem livros que não se leem impunemente. Eles invadem por frestas, arrombam silêncios, deformam o modo como respiramos. São obras que, se fossem pessoas, talvez enfrentassem processos — por danos emocionais, abuso narrativo, crueldade estética. No entanto, há algo de sublime no desconforto que provocam. Ler essas vozes extremas é também aceitar perder parte de si no processo. Uma rendição lúcida. Uma dor que purga. Abaixo, cinco desses volumes que mereciam, ao fim, um número de emergência e talvez… um abraço.

Ficção científica baseada em saga de Stephen King, com Idris Elba, está na Netflix Jessica Miglio / Sony Pictures

Ficção científica baseada em saga de Stephen King, com Idris Elba, está na Netflix

Há filmes que não são avaliados por aquilo que oferecem, mas pelo que se esperava que fossem. “A Torre Negra”, adaptação cinematográfica lançada em 2017 a partir da saga monumental de Stephen King, talvez jamais tenha tido uma chance justa. Antes mesmo de seus primeiros minutos, já carregava nos ombros o fardo das comparações inevitáveis, dos desejos não atendidos, da nostalgia literária projetada como sentença. O que se viu, portanto, não foi apenas um filme, foi o reflexo de uma frustração coletiva diante de um espelho que recusava devolver a imagem esperada.

Era do TikTok: suspense e tecnologia se misturam em filme na Netflix Divulgação / Universal Pictures

Era do TikTok: suspense e tecnologia se misturam em filme na Netflix

Há algo de profundamente simbólico na escolha de “M3GAN” como o primeiro grande lançamento de um novo ciclo cinematográfico. Não apenas por seu apelo estético e comercial, mas porque sintetiza, com notável precisão, a crise de identidade do cinema de gênero no século 21. Um filme que se apresenta como inovação, mas cuja espinha dorsal remonta a arquétipos exaustivamente explorados. Como um algoritmo treinado em referências, M3GAN recicla traumas e temores já conhecidos, da possessividade homicida de “Brinquedo Assassino” à lógica inescapável de “O Exterminador do Futuro”, e os recompõe em uma embalagem adaptada ao imaginário digital da era TikTok.

Delírio e fantasia: ícone do cinema é recriado, amparado pelo inegável talento de Timothée Chalamet Divulgação / Warner Bros.

Delírio e fantasia: ícone do cinema é recriado, amparado pelo inegável talento de Timothée Chalamet

Se há algo mais difícil do que criar magia no cinema é recriá-la a partir de um legado. “Wonka” parte dessa tarefa espinhosa com ares de desafio criativo: não se contenta em apenas recontar a gênese do icônico chocolatier de “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, mas arrisca em algo mais ambicioso: tecer um novo imaginário sobre um velho conhecido, sem trair o encanto original nem se curvar à nostalgia preguiçosa.

Filme que é como se Steven Spielberg estivesse em um divã na terapia está na Netflix Divulgação / UPI

Filme que é como se Steven Spielberg estivesse em um divã na terapia está na Netflix

Steven Spielberg, um dos mais hábeis artesãos do entretenimento moderno, assina com “Os Fabelmans” algo que ultrapassa a habitual maestria técnica de sua filmografia: uma espécie de autoexame silencioso, um gesto de reconciliação entre o menino fascinado por imagens e o adulto que passou a vida inteira traduzindo emoções em linguagem cinematográfica. Ao contrário das homenagens ruidosas ao próprio ego que tantas vezes emergem quando diretores voltam-se ao seu passado, este filme escolhe o sussurro ao invés do grito.