A ilusão de que o horror é sempre uma construção fictícia se desfaz quando ele se infiltra na banalidade da vida real. Em “Cidade Tóxica”, uma tragédia ambiental transforma a cidade inglesa de Corby em palco de um escândalo devastador: resíduos tóxicos espalhados sem controle geram malformações em recém-nascidos, expondo o descaso institucional. Ao longo de quatro episódios, a série escancara a frieza burocrática que perpetua tragédias.
Neste ano, “Um Completo Desconhecido”, dirigido por James Mangold, revive o legado de Dylan com uma abordagem sensível e envolvente. Timothée Chalamet entrega uma interpretação discreta, mas profundamente autêntica, capturando a introspecção e a genialidade do músico com uma intensidade comovente. Se a performance de Rami Malek como Freddie Mercury em “Bohemian Rhapsody” — apesar do Oscar de Melhor Ator — foi criticada por sua caricatura e falta de naturalidade, Chalamet reafirma que talento e reconhecimento nem sempre caminham juntos, protagonizando uma das maiores injustiças do Oscar 2025, premiação que se afunda cada vez mais em sua própria falta de credibilidade.
Um homem imerso em suas incertezas tenta se equilibrar entre dois caminhos opostos: a estabilidade de um amor seguro e a promessa vertiginosa de um futuro incerto. Com uma abordagem sensível e desprovida de atalhos narrativos, James Gray constrói uma história onde cada escolha carrega o peso do que se perde no caminho. Joaquin Phoenix entrega uma atuação comovente, traduzindo em gestos e silêncios o drama de quem busca uma liberdade que talvez nunca tenha.
Aos olhos do público, a elite esportiva americana é um universo de carisma, fortuna e conquistas, mas o que acontece quando se levanta o véu desse espetáculo? “A Dona da Bola” adentra esse território instável com um olhar sarcástico e envolvente, acompanhando Isla Gordon (Kate Hudson) enquanto ela tenta reinventar sua imagem e salvar uma equipe de futebol feminino em meio a escândalos. A série combina humor mordaz e reflexões sobre privilégio e ambição.
Instituições como a Nickel Academy, em Marianna, Flórida, eram quase tão tradicionais quanto a própria luta dos negros americanos por igualdade, e em seus 111 anos de operação, de 1º de janeiro de 1900 a 30 de junho de 2011, recebeu jovens pretos dos cinquenta estados da América, prometendo oferecer-lhes o que sua pele lhes negara. O que de fato aconteceu foi um escândalo que une sadismo, negligência e crime, verdade iluminada por RaMell Ross em “O Reformatório Nickel”, drama histórico que chega em boa hora.
