O livro argentino que vai te deixar em ressaca literária por mais de 365 dias
Naquela madrugada em Buenos Aires — talvez um dia comum, talvez o último — uma mulher atravessava a rua segurando um embrulho que escorria algo vermelho pelas dobras do papel, mas ninguém a olhou nos olhos, tampouco ao chão. Na rua ao lado, um homem com sapatos gastos recitava números sem fim, como se fossem preces ou apostas ou ambas. E por trás de tudo isso, muito antes disso tudo, muito abaixo da cidade e da carne e dos nomes, há um livro. Não um livro que se lê. Um livro que se entra. Que se tropeça dentro. Um livro que range como madeira velha e sorri com os dentes de um rato. E quando se sai — se é que se sai — o tempo já não está mais no mesmo lugar.