Enquanto os rapazes de 22 promoviam seu movimentozinho, achava-me em Palmeira dos Índios, em pleno sertão alagoano, vendendo chita no balcão. Os modernistas brasileiros, confundindo o ambiente literário do país com a Academia, traçaram linhas divisórias rígidas (mas arbitrárias) entre o bom e o mau. E querendo destruir tudo que ficara para trás, condenaram, por ignorância ou safadeza, muita coisa que merecia ser salva.
Se você é apaixonado em truques de mágica, com certeza vai se divertir horrores com este longa-metragem de Louis Laterrier, de 2013, que traz um elenco de primeira categoria e uma intricada trama, cheia de reviravoltas e mistérios. O longa-metragem gira em torno dos Quatro Cavaleiros, um quarteto de mágicos que se unem para fazer um espetáculo a la Robyn Hood, em que eles invadem instituições financeiras para enriquecer a conta bancária de seus espectadores.
Antes de Graciliano Ramos ser Graciliano Ramos, ele foi prefeito de uma corrutela, Palmeira dos Índios, cidade que hoje, imagino, deva ter alguma prosperidade, e escreveu então dois relatórios ao governador de Alagoas. Nos tais relatórios já havia a semente do autor de “Vidas Secas”, um texto conciso, muitas vezes irônico, seco como nordestino sofrido por falta de chuva (sem dós de peito, como resumiu Antônio Cândido), tanto que o poeta Augusto Frederico Schmidt, também editor, perguntou-lhe se ele teria algum romance guardado na gaveta.
Histórias como a mostrada em “O Que Ficou Para Trás” deixam esse argumento um pouco menos genérico, um pouco menos nebuloso, e muito mais objetivo, ainda que Remi Weekes não se furte a somar ao corpo de seu filme um mistério que vai tomando ares de uma inescapável sensação de gradual desconforto, de repulsa frente ao que o diretor reserva para mostrar no instante que lhe parece certeiro.
O que acontece com o amor quando a fase do encantamento passa? Descobrir os problemas da pessoa por quem você se apaixonou não é fácil. Conviver com manias, cultura, opiniões diferentes é um grande desafio. Em “Loucura de Amor”, o diretor Dani de la Orden lança um olhar afável e amoroso sobre os transtornos mentais. O protagonista Adri se apaixona por Carla, uma garota com bipolaridade. Adri terá de compreender que transtornos mentais não são apenas uma forma pessimista de enxergar a vida.
