Carta de amor para um feliz dia a dia dos namorados

Carta de amor para um feliz dia a dia dos namorados

Em cada canto do mundo, esposas desiludidas surpreenderam seus maridos em trabalhos domésticos há tanto ignorados, palavras de afeição invadiram as casas e adoçaram o café, gestos de ternura encontraram casais novos e velhos, amantes de todas as cores e classes e sexos chegaram atrasados ao trabalho. Do canil dos amores sem dono, criaturas encantadoras, sorrindo suas bocarras abertas de língua de fora, os rabos num pra lá e pra cá de alegria comovente, vieram correndo fazer festa entre nós.

O universo que me perdoe, mas o tempo podia passar mais lento

O universo que me perdoe, mas o tempo podia passar mais lento

Ê, tempo que passa rápido! De repente, a gente sente que vai-se a juventude, como o domingo que anoitece. De um segundo ao outro, seu filho bebê acorda um moço ousado, lindo, seguro. Assim, num estalo, você sente a saúde frágil e acusa o pavor de um dia faltar aos seus. Então, você tem a impressão de que já entrou na segunda metade da vida e um medo danado congela suas vísceras.

Eu tento mas a desesperança não morre

Eu tento mas a desesperança não morre

Ninguém dá crédito a um louco, senão outro louco, o psiquiatra ou uma árvore. Se o maluco em questão for uma pessoa idosa, então, pior ainda: vai jogar palavras ao vento até que a própria brisa dele se amofine e pare de assoprar. Porque, no que tange ao solidário aparato à senectude, quanto mais atrasada uma nação, mais profunda será a amizade entre velhos, gatos e cápsulas de rivotril.

Sobre homens, árvores e amores

Sobre homens, árvores e amores

Eu quero me dar o direito de mostrar que além do vazio, e além de toda a dureza, há também no repertório do meu existir, jardins e pomares, e que, na época certa, se bem cuidados, estão sempre a florescer e frutificar, mas que para isso enfrentam chuvas fortes, cortes, secas, estiagens, como a natureza perfeitamente ordena e funciona. Eu espero que o amor seja um plantio em solo arado, preparado, cultivado, cuidado, molhado, respeitado, para na hora certa, colher os frutos ou perfumar o ar com suas flores.

Livros para ler numa ilha deserta

Livros para ler numa ilha deserta

Escrevi aqui na Bula sobre a Belo Horizonte dos escritores modernistas e, por isso, muitas pessoas ficaram curiosas em relação a Pedro Nava, pouco conhecido atualmente. Nada de novo no front: Nava, autor de seis magníficos livros de memórias, louvado pelos colegas escritores até, creio, o final da década de 80, foi depois esquecido pelos intelectuais brasileiros e parece não despertar muito interesse naqueles que poderiam divulgar a sua literatura.