Autor: Giancarlo Galdino

Park Hoon-jung sabe como poucos tornar natural uma história violenta, mas ao mesmo tempo dotada de poesia — muito bem escondida, é verdade —, com um bandido sui generis e uma mocinha cheia de idiossincrasias nada românticas. Para tanto, abusa de enquadramentos milimetricamente elaborados, diálogos refinados, mas sem firulas, e um elenco de raro carisma, qualidades que fazem de seu “Noite no Paraíso” uma história incomparável.

O suspense pontuado por momentos equilibrados de terror são o forte de Brad Anderson, mormente quando a trama se desdobra em torno de um personagem masculino, frágil, porque abrutalhado pela vida, de quem se defende como pode. O diretor já lançara mão desse argumento com sucesso estrepitoso em “O Operário” (2004), e embora não se saia tão bem em “Fratura”, continua dotado do talento de dezessete anos atrás, compondo trabalhos que se destacam pela ousadia artística e pelo gosto por uma boa história.

Em “Dois”, Mar Targarona centra a narrativa em torno de um casal de personagens, que nem são casal e nem dois, mas apenas um. Ligados pelo abdômen depois de terem sido sedados, esses estranhos acordam juntos, mas não têm nenhuma lembrança de como lhes foi acontecer tal desgraça, só restando a eles atentar para os pormenores do quarto em que estão e interrogar um ao outro em busca de alguma explicação que os ajude a resolver o enigma.

Sandra Bullock continua tinindo, como se vê em “Imperdoável”. Desdobrando-se para dar conta de uma história particularmente densa, sua Ruth Slater, uma ex-presidiária em busca de uma redenção para todos impossível, é, de fato, a protagonista dessa saga sobre mudança de vida, mágoas por sarar e muito, muito preconceito.

Em “Ferry”, a diretora belga Cecilia Verhayden narra as desventuras de um homem que rompe com sua própria história, algo que nunca imaginara para si — e certamente nem o quisesse. Ferry Bouman se tornara um dos homens de confiança de Ralph Brink, o barão da droga da Holanda. Ao ser enviado para cumprir uma missão, o protagonista topa com o destino e perde o medo de ter uma vida para chamar de sua, tudo graças ao mais humano dos sentimentos.