Matt Ross quase levanta essa pletora de questões em “Capitão Fantástico” e da mesma forma quase as responde, mas falta a seu filme uma generosa dose de crítica a esses modelos de educação — autoritários, despóticos, castradores, liberticidas —, ou assumir como todos os pês e bês que essa mesma sua visão de sociedade perfeita, um paradoxo em si.
Precursor da literatura chicana, o romance “Bless me, Ultima” (1972), de Rudolfo Anaya, fala dos permanentes conflitos entre cidadãos de origem mexicana e os americanos que habitam as cercanias das fronteiras entre os Estados Unidos e o pais vizinho de uma maneira doída e sem máscaras. Essa condição um tanto esquizofrênica, que inclui a luta incansável de toda uma gente por respeito e inclusão é muito bem absorvida pelo diretor Carl Franklin, que faz da adaptação cinematográfica homônima do livro de Anaya um estudo sociocultural sobre diferenças, semelhanças e, principalmente, o preconceito contra visões de mundo minoritárias.
Ao longo de quarenta anos, Rambo, a célebre persona fílmica incorporada por Sylvester Stallone de tempos em tempos, volta com tudo em “Rambo: Até o Fim”, em que Adrian Grunberg resgata sem nenhum constrangimento a memória de um ícone da cultura pop que sobrevive à história, não exatamente por seu próprio mérito, mas por causa da natureza belicosa do homem, que nunca vai mudar.
Dizer que “Whiplash — Em Busca da Perfeição” é vibrante soa como lugar-comum. Sem precisar de muito mais que o básico — uma boa história, um bom elenco e uma direção precisa —, tudo no filme de Damien Chazelle remete o espectador à Era de Ouro de Hollywood, quando o cinema vivia o seu apogeu e o tempo passava mais devagar. A música, uma das manifestações artísticas mais próximas do homem, reflete essa placidez, esse glamour, que entram como a matéria-prima de uma verdadeira obra de arte sobre o relacionamento entre a humanidade e o som.
Os chavões têm o poder transcendental da verdade sem as tintas da retórica, e a máxima de que tempo é dinheiro é uma das mais flagrantemente verdadeiras desde que o mundo é mundo, e muito mais insinuantes à medida que os anos avançam. Andrew Niccol trabalha com eficiência todos esses gastos conceitos em “O Preço do Amanhã”, sem conseguir evitar os lugares-comuns do tema, mas sem deixar que a importância do assunto se perca, nisso ajudado por um elenco jovem e certeiro.
