Autor: Giancarlo Galdino

Contos sobre mulheres vulneráveis de Jarid Arraes perdem-se em meio a lacração, militância exagerada e regionalismo afetado

Contos sobre mulheres vulneráveis de Jarid Arraes perdem-se em meio a lacração, militância exagerada e regionalismo afetado

“Redemoinho em Dia Quente”, a coletânea de narrativas curtas de Jarid Arraes, faz ecoar a voz da mulher sertaneja, clareia vidas marginalizadas e realça formas de resistência num misto de linguagem popular e identitária — e os problemas não se originam exatamente aí. Os contos de Arraes carecem de acabamento, apuro estético, coesão, estilo, verdadeira praga que acomete trabalhos da novíssima safra de escritores brasileiros, em especial “Jantar Secreto” (2016), de Raphael Montes; “Tudo É Rio” (2014), de Carla Madeira; e “A Cabeça do Santo” (2014), de Socorro Acioli. Sinal dos tempos? Toda literatura produzida será assim doravante?

A literatura como castigo: a arte de dizer pouco com muitas palavras

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Não, não era sobre “Homens Elegantes” (2016) a sinopse publicada pela Bula anteontem, mas este artigo é. O romance histórico do gaúcho Samir Machado de Machado talvez seja um dos livros mais pretensiosos já publicados, ainda que, reconheço, Machado de Machado seja digno de nota pelo esforço em misturar sátira, crítica ao colonialismo e uma reflexão sobre as diversas formas de masculinidade. A suposta elegância de Machado de Machado é a desculpa perfeita para falar muito e dizer pouco, uma maneira garrida de mistificação.

Suspense com Julianne Moore vai tirar seu fôlego até a última cena Divulgação / Columbia Pictures

Suspense com Julianne Moore vai tirar seu fôlego até a última cena

“Os Esquecidos” aposta no lado ambivalente da natureza de cada um, tão cheio de luzes e sombras, de reentrâncias e saliências, subidas e declives, mantido a salvo da curiosidade quase sempre destrutiva de quem nos rodeia. O filme de Joseph Ruben, sobre uma mulher atormentada pela morte do filho num acidente de avião há catorze meses, é feito de detalhes que avançam numa direção, só para que, na iminência do desfecho, o diretor resolva interromper o fluxo e dar outra explicação ao mistério que se erigia.

Cinebiografia do maior poeta do rock nacional chega à Netflix e emociona com fórmula certeira Divulgação / 20th Century Fox

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Em “Somos Tão Jovens”, Antonio Carlos da Fontoura faz reviver a atmosfera do faroeste caboclo enunciado pelo Renatinho da Cultura (Inglesa), outro de seus apelidos, este por ter feito parte do quadro de professores da instituição entre 1978 e 1981. Até chegar ao célebre Russo, em memória do filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau (1712-1788) e do matemático britânico Bertrand Russell (1872-1970), passaram-se intermináveis quatro anos, longe de serem tempo perdido.

A melhor ficção científica que você verá neste fim de mês acaba de estrear na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

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O pulo do gato em “Infinito” é fazer com que o espectador acredite que a jornada de Evan McCauley é uma sucessão de acasos, o que acontece sem nenhuma dificuldade, já que essa é, basicamente, a história de qualquer um. Partindo de suas fraquezas, esse sujeito atormentado pode tornar-se uma figura mítica ou resistir, encarniçado na dúvida de que algum mistério caviloso integre sua essência.