Autor: Giancarlo Galdino

A personagem-título de “Agente Stone”, uma espiã às voltas com uma questão a um só tempo muito própria de seu ofício e que começa a andar pelos corações e mentes do cidadão mais comum, lança ao rosto do espectador uma certeza: a vida na Terra não demora a se tornar uma triste distopia, momento em que os descaminhos da relação homem-máquina ficam ainda mais pronunciados, segundo o ponto de vista certeiro do diretor Tom Harper.

Desde os primeiros minutos, sabe-se muito bem o que vai acontecer em “A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata”, e nem por isso ninguém deixa de assistir até o desfecho, previsível e emocionantemente ingênuo, ao filme do inglês Mike Newell. Este é decerto seu trabalho mais perfeccionista, mas esticando-se a corda um tanto, poder-se-ia afirmar que o longa de 2018 se configura como uma espécie de prequel, de introito, ao realizado seis anos antes.

Em “O Milagre”, o chileno Sebastián Lelio resolve encampar novos e indigestos pontos de vista, aqui voltados a uma das controvérsias mais frutíferas da civilização. Com o filme, baseado no romance homônimo de Emma Donoghue publicado em 2016, o diretor pretende atingir o coração do espectador no que ele pode ter de mais genuíno e, a um só tempo, de mais frágil: a crença de que a vida humana deve ser permeada pelo componente metafísico da religião e da espiritualidade, nessa ordem. Entretanto, há muitas pedras nesse caminho.

Debaixo de toda a loucura de “Swearnet: O Filme” pulsam questões que talvez ninguém jamais responda, e que vão-se acumulando nas cabeças e extravasando pelas bocas, como um vômito amarelo, fétido e inútil, para recorrer a uma imagem do repertório do filme de Warren P. Sonoda. A bravura com que se tratam de assuntos espinhosos junto ao homem conectado, goste-se ou não, tem sido cada vez mais singular nos veículos de comunicação de massa, seja de que gênero for.