Autor: Giancarlo Galdino

A Noite de 12 Anos: o filme sobre Pepe Mujica que revela o que o poder nunca conta — e como se sobrevive sem ver a luz Divulgação / Tornasol Films

A Noite de 12 Anos: o filme sobre Pepe Mujica que revela o que o poder nunca conta — e como se sobrevive sem ver a luz

Nas muitas entrevistas que concedeu quando do lançamento de “A Noite de 12 Anos”, de Álvaro Brechner, José Alberto “Pepe” Mujica Cordano (1935-2025), político como nunca, relembrou os muitos opróbrios a que fora sujeitado pelo Exército uruguaio enquanto esteve preso: acabara perdendo os dentes por causa das surras, tivera de tomar a própria urina para não morrer de sede e servira de alvo a simulações de fuzilamento, uma das quais resultou numa perfuração a bala de verdade. A esse propósito, ao longo de mais de duas horas, há apenas uma sequência em é que concedido aos revoltosos direito a tomar banho, justamente quando se encontram com seus familiares pela primeira vez.

Os dez filmes da Netflix mais vistos no Brasil

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O desinteresse crescente do público por assistir tevê — pelo menos da forma como vinha fazendo nos últimos cinquenta anos — acendeu a luz amarela. A Globo criou o Globoplay, plataforma de vídeos, filmes e programas da emissora disponíveis em streaming, mas antes dela já havia a Amazon Prime Video e, antes ainda, a Netflix, no ramo do cinema há 28 anos. A Bula já publicou centenas de listas com os melhores títulos do cinema reunidos pela Netflix, e dessa vez enaltecemos a dezena daqueles que mais conseguiram capturar a atenção do brasileiro, novamente provando que a veterana do streaming veio para ficar.

Filme baseado em obra-prima de Philip Roth revela como famílias desmoronam em silêncio — e por que ninguém quer falar sobre isso Divulgação / Lionsgate

Filme baseado em obra-prima de Philip Roth revela como famílias desmoronam em silêncio — e por que ninguém quer falar sobre isso

Roth faz esses apontamentos de forma cortante em “Pastoral Americana”, a crônica de uma família que enlouquece diante da guerra e das revoluções sociais ao longo da década de 1960. A adaptação do romance homônimo que Roth publicara em 1997 prima por frisar como mudam os sentimentos de uma filha por seus pais, influenciada por sua visão de mundo pacifista, mas não só.

O filme mais sombrio de Guy Ritchie tem um final que está deixando todo mundo desconcertado Divulgação / Miramax

O filme mais sombrio de Guy Ritchie tem um final que está deixando todo mundo desconcertado

A inexpressividade marmórea de Jason Statham, um rosto (e um corpo) já bastante conhecidos do público em enredos como este, realçam na medida o caráter eminentemente viril de “Infiltrado”. O filme de Guy Ritchie fala a uma maldade em estado bruto, mas judiciosa, que eleva a violência essencial que existe em cada um de nós à condição de refinado mecanismo que permite-nos continuar no jogo. Ritchie vale-se da rudeza de seu protagonista para engatar uma história comum à primeira vista, mas que conta com uma virada bastante original.

Philip Roth previu o cancelamento: o romance, escrito há 20 anos, que ainda explica os linchamentos digitais

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Talvez nenhum escritor tenha sido mais feliz em decifrar os tantos segredos de sua Terra como Philip Milton Roth (1933-2018). Bem a seu modo, desaboatadamente, Roth explica em “A Marca Humana” o gosto por ser a palmatória do mundo que acomete os Estados Unidos. Junto com “Pastoral Americana” (1997) e “Casei com um Comunista” (2000), “A Marca Humana” compõe a aclamada Trilogia Americana, na qual o romancista esgrime sobre a onipresente crise de identidade nacional, racismo e a praga do politicamente correto. Em mais de quatro centenas de páginas, a pena de Roth vai muito além do que se poderia supor, numa narrativa tão fluida quanto perturbadora.