Autor: Enio Vieira

O cinema dos anos 1980 e o cancelamento do futuro Divulgação / Universal Pictures

O cinema dos anos 1980 e o cancelamento do futuro

Uma percepção nova surgiu quarenta anos atrás em várias partes do mundo e, aos poucos, moldou as formas do pensamento contemporâneo. A ideia de progresso deixou de orientar as discussões. Os motivos dessa mudança podem estar nas crises econômicas das décadas de 1970 e 1980 e, agora, nas mudanças climáticas, que levaram ao pessimismo. E, como sempre ocorre, a produção cultural capturou aquele momento em que o amanhã não será melhor que o hoje e o ontem.

Silviano Santiago e a escrita da vida

Silviano Santiago e a escrita da vida

As biografias viraram um gênero de altíssimo sucesso de vendas e, ao mesmo tempo, de uma obviedade constrangedora. O que mais se vê são as narrativas de vencedores, homens exemplares. As trajetórias de quem começou do nada, superou dificuldades, venceu traumas, foi abusado na infância, sofreu maus-tratos e, no fim, alcançou alguma forma de redenção. Os enredos se repetem. Existe também o outro extremo: as biografias de figuras execráveis, escritas para recuperar o lado humano delas.

Caetano em Londres

Caetano em Londres

Há uma peça de teatro a ser escrita e encenada sobre o período em que Caetano Veloso viveu exilado na Inglaterra. Pode-se imaginar um monólogo: um ator sozinho no palco, contando e cantando trechos das memórias do compositor, entrecortados por fragmentos de canções daqueles tempos. Seria uma peça sobre deslocamento, mas também sobre reinvenção de um artista.

O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, e os fantasmas brasileiros

O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, e os fantasmas brasileiros

O novo filme de Kleber Mendonça Filho, “O Agente Secreto” (2025), confirma o cineasta pernambucano como um dos diretores mais importantes da atualidade. Sua obra já não pertence só ao cinema brasileiro, mas à cinematografia mundial, tendo reconhecimento pelos quatro cantos do planeta. Com esse filme, ele entra também para a linhagem dos grandes diretores nacionais, ao lado de Glauber Rocha e Eduardo Coutinho.

Lô Borges foi um beatle barroco

Lô Borges foi um beatle barroco

De timidez luminosa e gênio compartilhado, um músico mineiro transformou parcerias em linguagem e melodias em abrigo. Sua obra atravessou fronteiras, inspirando roqueiros britânicos e bandas brasileiras separadas por décadas. Entre o rigor do barroco e o impulso pop, construiu pontes entre montanhas e amplificadores, entre silêncio e distorção. Fez da colaboração um modo de vida e da canção, um espaço de liberdade coletiva que ainda ressoa nas novas gerações.