Autor: Enio Vieira

Lô Borges foi um beatle barroco

Lô Borges foi um beatle barroco

De timidez luminosa e gênio compartilhado, um músico mineiro transformou parcerias em linguagem e melodias em abrigo. Sua obra atravessou fronteiras, inspirando roqueiros britânicos e bandas brasileiras separadas por décadas. Entre o rigor do barroco e o impulso pop, construiu pontes entre montanhas e amplificadores, entre silêncio e distorção. Fez da colaboração um modo de vida e da canção, um espaço de liberdade coletiva que ainda ressoa nas novas gerações.

O santo pecador Martin Scorsese Brigitte Lacombe / Apple

O santo pecador Martin Scorsese

Lançado pela Apple+ em cinco episódios, o documentário “O Lendário Martin Scorsese” é um grande painel sobre a vida e a obra do diretor de cinema. O filme foi dirigido por Rebecca Miller, filha do lendário dramaturgo Arthur Miller e casada com o ator Daniel Day-Lewis. Trata-se de uma visão ampla e até certo ponto comovente de um dos maiores autores do cinema americano. Scorsese participa ativamente do filme, concedendo longas entrevistas e revisitando toda a sua trajetória.

A aristocracia do nada: Paulo Emílio e a ficção paulista

A aristocracia do nada: Paulo Emílio e a ficção paulista

Em 1977, surgiu um livro inesperado na cena literária brasileira. A narrativa era um bicho estranho, porém familiar, para seus primeiros leitores. Estranho porque parecia deslocado na trajetória do mais renomado crítico e pensador do cinema nacional. O tom familiar vinha de sua escrita, ainda que inédita na ficção, que carregava o mesmo rigor analítico e a mesma ironia de seus ensaios sobre cinema e sociedade.

Cenas da poesia marginal: Chico Alvim, Cacaso e Roberto Schwarz

Cenas da poesia marginal: Chico Alvim, Cacaso e Roberto Schwarz

Entre o exílio e a ressaca da ditadura, a amizade entre Roberto Schwarz, Francisco Alvim e Cacaso ilumina a Poesia Marginal. Reencontros, cartas e parcerias revelam um laboratório de linguagem que misturava humor, furor político e coloquialidade, em diálogo com a canção popular e a vida nas ruas. O crítico vira poeta, o diplomata aproxima gerações, o professor dá rumo ao movimento; e o país, à beira da abertura, entra no poema. Cenas íntimas e públicas se enlaçam: do maio de 68 aos corredores da PUC-Rio, num retrato geracional agudo.

Petra Costa e as imagens do Brasil atual

Petra Costa e as imagens do Brasil atual

Há uma boa novidade no cinema brasileiro recente. A cineasta Petra Costa vem construindo uma obra notável e de rara força interpretativa. Seu olhar é profundamente pessoal e, ao mesmo tempo, voltado para as urgências objetivas do presente. As imagens iluminam zonas obscuras do que ainda se pode chamar de vida nacional, num gesto que lembra a frase de Goethe tão cara a Theodor Adorno: “Destinado a ver o iluminado, não a luz”. O iluminado, no caso, são os objetos políticos do país.