Autor: Eberth Vêncio

Uma temível frente fria avança por dentro da gente

Uma temível frente fria avança por dentro da gente

Cada qual exercita o humanismo da forma que consegue. Creio que esse desfazimento interior tenha uma justificativa plausível. Assim como as palavras ríspidas ditas sem cuidado e os afagos negligenciados sem escrúpulos com o futuro. Assim como a noite de ontem, a manhã de hoje e o porvir que ninguém garante se realmente virá. Ninguém sabe de mim, do outro ou de si mesmo. Todos se acham, mas, na prática, ninguém anda se encontrando. Parei de sentir e isso é tudo. Nada que seja da sua conta, por suposto.

O mundo é um hospício

O mundo é um hospício

Atribui-se esta frase a Albert Einstein. Para não cometer mais uma gafe, perguntei a Dona Fiinha, pesquisei na internet, mas, não encontrei nenhuma fonte segura que atestasse a sua veracidade. Portanto, pelo menos por hora, até que alguém me desminta e me envergonhe, será uma frase atribuída a ninguém. Coisas de domínio público. Feito o medo da morte.

Estamos por nossa conta e risco

Estamos por nossa conta e risco

Estamos por nossa conta e risco. Põe os teus discos para tocar. 33 rotações por minuto. Por favor, dá-me tua mão. Os objetos da sala estão a girar. E eu que julgava ser o sol. Deve ser por causa do merlot, do Rivotril ou da droga da labirintite.

Andam sobrando demônios no coração das pessoas de bem

Andam sobrando demônios no coração das pessoas de bem

Tentar com mais de ternura dava um certo trabalho. Já tinha vomitado cinco vezes. Mais uma golfada e acabava por virar-se do avesso. O cheiro de gás entristecente que escapava dos foles, das conexões e das traqueias lhe embrulhava o estômago. Sentia na mente uma certa amargura e, na língua, o amargor de uma gosma esverdeada, mais conhecida entre os profissionais de moléstias extremadas como suco biliar.