Autor: Eberth Vêncio

Comprou uma mamãe-reborn e foram felizes para sempre

Comprou uma mamãe-reborn e foram felizes para sempre

Sempre não é todo dia. Ficou com aquele blues do Oswaldo Montenegro ribombando na cachola. Oswaldo era um chato. A vida também. Precisava de uma mudança. Fazer sexo com profissionais perdera completamente o sentido. Sentia-se miserável. Nunca se amarrara a ninguém, apesar de ter conhecido mulheres bonitas, mulheres inteligentes e, claro, mulheres bonitas que eram inteligentes, ótimos partidos para casar-se ou, simplesmente, gastar o tempo juntos. Mas, de alguma forma, afeiçoara-se à solidão.

Na minha época não era melhor

Na minha época não era melhor

Cedo demais para ficar mal-humorado. Ainda assim, aborreci-me. Pulei cedo da cama de campanha, fui escovar os dentes, mas me deparei com a bisnaga de dentifrício espremida até o talo, a qual eu havia deixado sobre a Telefunken. Miseravelmente, eu me esquecera de passar na farmácia do Geraldino para comprar Kolynos. De toda forma, o velho farmacêutico recusava-se a me vender fiado ou a aceitar os meus cheques. Não o culpava pela falta de deferência. Além de estar desempregado há meses, a minha caligrafia era ininteligível.

A má notícia é que há trombadinhas em Paris

A má notícia é que há trombadinhas em Paris

Má notícia para mim, que nunca tinha pisado na Europa. Não vou ficar me gabando por, finalmente, ter conhecido Paris. Sou fraco em vaidades. E tenho plena consciência de que isso, viajar para fora do país, é privilégio para poucos brasileiros, ainda mais num cenário econômico e cambial extremamente desfavorável. Agora, no momento em que escrevo essa crônica, são necessários 6,5 reais para se comprar 1 euro. Quer dizer, só rico, doido ou abnegado para enfrentar uma viagem até a França, num contexto tão inóspito.

Tempo perdido é tempo gasto com gente ruim

Tempo perdido é tempo gasto com gente ruim

Tempo bom, sujeito a pancadas de chuva na minha horta. Em matéria de lama, cada gota que finca a poeira do chão me conclama, me importa. Já faz tempo que estou voltando ao pó, seja dando a cara a tapa, seja chorando atrás da porta. Sobram lágrimas, no entanto, há uma escandalosa escassez de água nas plagas do planeta. A falta de empatia tem provocado a desertificação dos corações humanos. De tal sorte que sinto uma inconteste vontade de chorar.

Não somos otários

Não somos otários

Não há muito o que dizer ou escrever sobre esse execrável simulacro de altruísmo, o qual, de acordo com as autoridades policiais, constitui-se como crime de estelionato qualificado, ao explorar de forma degradante a imagem de uma criança portadora de uma moléstia incurável. Definitivamente, por mais que tergiversemos em contrário, resta comprovado que o ser humano não tem conserto.