Autor: Carlos Willian Leite

7 livros breves demais para o estrago que causam

7 livros breves demais para o estrago que causam

Sete livros. Nenhum deles chega a duzentas páginas. Todos eles deixam algo que não passa. Começam discretos, quase tímidos, como se não fossem capazes de fazer muito estrago. Mas fazem. Cortam devagar, sem aviso. O impacto não vem da grandeza do enredo, nem da urgência da forma. Vem da precisão. Da recusa a consolar. Do silêncio deixado depois da última linha. São histórias que não pedem nada, mas levam tudo. Quando se percebe, já foi. E o que fica não se desfaz. Leva tempo. Às vezes, mais do que se está disposto a admitir.

Os 7 livros que Gabriel García Márquez leu antes de inventar um mundo

Os 7 livros que Gabriel García Márquez leu antes de inventar um mundo

Antes de Macondo, houve assombro. Gabriel García Márquez não nasceu pronto: leu, tremeu, copiou, rasgou páginas, escreveu de novo. Em algum ponto entre Kafka e Rulfo, ele entendeu que o mundo não precisava ser real para ser verdadeiro. Esta não é uma lista. É um caminho, ou um espelho partido, de sete livros que o atravessaram antes que ele atravessasse a literatura. Livros que não o influenciaram: o formaram. E que, de certo modo, seguem escrevendo por nós, mesmo depois do ponto final.

A história do escritor brasileiro que ensaiou a própria ruína e saiu de cena antes do primeiro aplauso

A história do escritor brasileiro que ensaiou a própria ruína e saiu de cena antes do primeiro aplauso

Era como se escrevesse com o corpo. Ou contra ele. A língua que cuspia não obedecia à gramática dos vivos, nem dos mortos. Tinha um jeito de estar fora da sala mesmo quando era o centro da mesa. Falava atravessado, com os olhos meio fundos, meio ausentes. Ninguém sabia ao certo se estava fingindo ou dissolvendo. Talvez as duas coisas. O fato é que, quando lançou “PanAmérica”, em 1967, já parecia ter saído de si fazia tempo.

Quando a justiça cabia em 96 páginas: a história esquecida dos bolsilivros de faroeste que o Brasil devorou em silêncio

Quando a justiça cabia em 96 páginas: a história esquecida dos bolsilivros de faroeste que o Brasil devorou em silêncio

No Brasil do século 20, cowboys de papel circularam por bancas, padarias e rodoviárias, levando faroestes impressos às mãos de milhões de leitores. Com capas sensacionalistas, enredos velozes e pseudônimos estrangeiros, os bolsilivros formaram um ecossistema editorial que resistiu por décadas. Eram baratos, descartáveis, e, justamente por isso, fundamentais. Este texto traça um retrato histórico e cultural da era dourada dos bolsilivros de faroeste, quando a justiça cabia em 96 páginas e a literatura se escondia sob nomes inventados e capas gritantes.

O jantar mais constrangedor da literatura moderna: o dia em que Joyce e Proust dividiram a mesa — e a antipatia em silêncio

O jantar mais constrangedor da literatura moderna: o dia em que Joyce e Proust dividiram a mesa — e a antipatia em silêncio

Em 18 de maio de 1922, em Paris, dois dos maiores escritores do século 20 sentaram-se à mesma mesa — e nada aconteceu. James Joyce, recém-publicado com “Ulysses”, e Marcel Proust, em seus últimos meses de vida, mal trocaram frases. O jantar no Hôtel Majestic, que também reuniu Stravinsky, Picasso e Diaghilev, entrou para a história justamente pelo vazio que deixou. O que poderia ter sido uma conversa entre titãs tornou-se uma anti-epifania literária. Nesta reportagem, o silêncio entre eles é escutado de perto: como gesto, falha, sintoma — e talvez, destino.