Autor: Carlos Augusto Silva

As Flores do Mal: Charles Baudelaire e o cântico da modernidade

As Flores do Mal: Charles Baudelaire e o cântico da modernidade

No século 19, um poeta francês rompeu os limites da moral e da arte ao transformar a cidade, o desejo e a decadência em matéria poética. Sua escrita misturou o belo e o grotesco, desafiando as convenções burguesas e revelando a alma inquieta da modernidade. Condenado por ofender os bons costumes, ele fez do escândalo um gesto estético e fundou uma nova sensibilidade: a do homem urbano, dividido entre o tédio, a paixão e a busca pelo absoluto.

A Tempestade na Lira: como Shakespeare moldou Álvares de Azevedo

A Tempestade na Lira: como Shakespeare moldou Álvares de Azevedo

Um mestre da crítica ensinou que ler é devoção e inteligência. Este ensaio percorre o encontro entre um dramaturgo elisabetano e um poeta romântico brasileiro, rastreando como dois personagens — o espírito aéreo e a criatura terrosa — moldaram uma obra confessional e boêmia. Do palco à página, a tensão entre sonho e carne atravessa séculos e funda uma tradição. A memória de uma primeira leitura aos treze anos alimenta a investigação e revela como a crítica pode ampliar o encanto sem domesticar a potência da poesia.

Doutor Fausto e o pacto que redefiniu a literatura moderna Thomas Mann Archive / ETH Bibliothek Zurich

Doutor Fausto e o pacto que redefiniu a literatura moderna

Thomas Mann não escreveu “Doutor Fausto” como quem constrói um romance — escreveu como quem faz uma autópsia ética de um século. Este ensaio mergulha na anatomia alegórica da obra, onde a arte deixa de redimir e começa a condenar. De Leverkühn à dodecafonia, da ruptura estética à falência do Iluminismo, o texto propõe uma leitura crítica e histórica que articula literatura, barbárie e razão instrumental. A alegoria, aqui, é operação trágica. Não explica: acusa. E ao fazê-lo, inscreve-se no que há de mais radical e inquietante na grande literatura do século 20.

A Morte de Ivan Ilitch: Tolstói e a anatomia do nada

A Morte de Ivan Ilitch: Tolstói e a anatomia do nada

A vida pode ser um conjunto de rituais vazios, onde seguimos regras, buscamos status e evitamos questionar o essencial. Muitas vezes, acreditamos estar no caminho certo, mas apenas repetimos padrões impostos. O que acontece quando percebemos, tarde demais, que nunca vivemos de verdade? A consciência desse erro pode ser mais angustiante do que a própria morte. Afinal, existe algo pior do que chegar ao fim sem ter realmente existido.

5 mapas literários para entender o ciúme

5 mapas literários para entender o ciúme

Sou um homem habituado às obsessões literárias, pequenas inquietações que crescem em mim como manchas de umidade na parede, lentas, persistentes, inevitáveis. Algumas surgem cedo, outras aguardam pacientemente até que a vida as torne inevitáveis. O ciúme não era uma delas. Nunca me interessou como tema filosófico, psicológico ou existencial. Era apenas ruído, drama barato, um desvio emocional que não merecia atenção especial. Porém, a literatura tem seus métodos, formas discretas e poderosas de prender nossa atenção. Foi assim que o ciúme me alcançou, não com gritos ou rompantes violentos, mas por meio do sussurro de histórias que revelam o mais discreto e doloroso dos tormentos: descobrir que o outro jamais foi, nem será, completamente nosso.