Autor: Carlos Augusto Silva

Copacabana, meu amor

Copacabana, meu amor

Não se mede o tempo em Copacabana. Sem os arcos atemporais da Lapa, Copa nunca dorme: menos negra do que já fora, tem um acinzentado peculiar, uma brancura falida dos outrora glamurosos no bairro mais idoso da América Latina; a brancura dos turistas com algum dinheiro e sanha por libertinagem sem humildade, cheia de paixão e curiosa pela morte.

Razão e sensibilidade em Romeu e Julieta

Razão e sensibilidade em Romeu e Julieta

Muito mais que uma infeliz história de amor — consumida por seu sucesso, popularizada e consequentemente subestimada —, “Romeu e Julieta” é uma grande demonstração de como nossas escolhas são consequenciais e nunca devemos seguir somente aos impulsos do coração. A peça ainda nos dá, nesse esquema entre o razoável e o sensível, dois caminhos possíveis. Um, o de Mercúcio: cético, amoral, hedonista. Outro, de Frei Lourenço: parcimonioso, frugal e ao mesmo tempo engenhoso e corajoso. Ele nunca sugere a Romeu ou Julieta a contemplação: lutem pela felicidade, mas façam com responsabilidade.

Não há como negar: o amor não existe em SP, mas transborda no Rio

Não há como negar: o amor não existe em SP, mas transborda no Rio

Só a poesia concreta, que se supôs matematicamente realizável, haveria de ser concebida em São Paulo. E não foi. Só mesmo os versos duros de Mário de Andrade — que dizia amar com ódio a cidade que cantou como nenhum outro poeta conseguiu cantar — foram possíveis de cá serem feitos. Só aqui a ousadia que beira a deselegância de um Oswald de Andrade seria vista como inventividade e não insanidade.

Roland Barthes: o pesadelo atual é a apoteose da tragédia

Roland Barthes é o sonho ideal e perfeito do intelectual que eu gostaria de ser. Um crítico literário sim, mas antes de tudo, um homem que serviu à linguagem. Dedicou a sua vida ao estudo dela, amou a humanidade por meio dela. Barthes pesou, mediu, cheirou, sorveu, provou, atritou com a pele o mundo das palavras como poucos de seus pares — se é que ele tem pares —, conseguiram fazer.