Ignore as críticas: filme de M. Night Shyamalan na Netflix é um balé visual que hipnotiza e surpreende Divulgação / Paramount Pictures

Ignore as críticas: filme de M. Night Shyamalan na Netflix é um balé visual que hipnotiza e surpreende

A sobrevivência, tão presente em nossa trajetória, impõe comportamentos de crescente intensidade, refletindo uma relação ambígua com a natureza: ora mestra severa, ora rival implacável. No entanto, ela guarda os segredos que sustentam a continuidade humana. M. Night Shyamalan, conhecido por explorar as fronteiras do caos, reforça essa marca em “O Último Mestre do Ar”. Aqui, a visão do diretor ganha nuances de um mundo paralelo, onde discursos simbólicos se desdobram em sentidos mais profundos, especialmente para aqueles familiarizados com sua obra ou que se reconhecem nas histórias que ele desenvolve. Inspirado pelos quatro elementos descritos por Empédocles — Terra, Água, Fogo e Ar —, o filme retrata reinos que, ao entrarem em constante conflito, atingem um estado de fragilidade, onde a possibilidade de reconciliação torna-se escassa.

Há um século, o equilíbrio reinava. As nações viviam em harmonia, respeitando-se como irmãos. Porém, o cenário mudou, e Shyamalan constrói, com rigor, a narrativa de uma deterioração inevitável, desencadeada pela perda de controle sobre os elementos que moldam cada povo. Nesse contexto, surge o Avatar, uma figura capaz de dominar os quatro elementos e de restaurar a ordem perdida, mediando o diálogo entre os reinos e o Mundo Espiritual. Contudo, a paz não é um objetivo facilmente alcançado: catástrofes inesperadas lançam os habitantes em uma crise profunda, deixando dúvidas sobre a viabilidade de restaurar a antiga harmonia.

A trama, com suas raízes no maniqueísmo típico da obra original, honra sua fonte ao preservar a essência fantástica da animação “Avatar: A Lenda de Aang” (2005). Shyamalan consegue traduzir para o cinema uma história surpreendentemente real, conduzida pelos irmãos Katara e Sokka, interpretados por Nicola Peltz e Jackson Rathbone. O jovem Noah Ringer, como o Avatar, traz vigor e autenticidade a um papel que exige tanto força quanto sensibilidade, equilibrando a narrativa e preparando o terreno para um desfecho marcante.

Filme: O Último Mestre do Ar
Diretor: M. Night Shyamalan
Ano: 2010
Gênero: Ação/Aventura/Ficção Científica
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★