Em “Assassino por Acaso”, Richard Linklater explora territórios menos brilhantes, mas ainda assim intrigantes. Baseado em um artigo publicado no “Texas Monthly” por Skip Hollandsworth, o filme traz a história real de Gary Johnson, um professor de ensino médio preso à rotina, que acaba desempenhando um papel singular para a polícia: fingir-se de assassino de aluguel para capturar pessoas dispostas a contratar um matador.
Com Glen Powell no papel de Gary, o filme acompanha sua peculiar jornada como “assassino de fachada”. Sua tarefa consiste em atrair contratantes, registrar suas confissões e permitir que sejam presos em flagrante. O verdadeiro Gary Johnson ajudou a colocar atrás das grades cerca de 60 pessoas — entre rivais, parentes e clientes — todos interessados em resolver conflitos pela via mais extrema.
A trama toma um rumo ficcional quando Gary, sob a identidade do assassino “Ron”, cruza o caminho de Madison (Adria Arjona), uma mulher encurralada em um casamento abusivo. Madison procura eliminar o marido, mas Gary/Ron a convence a usar o dinheiro planejado para o crime em uma nova vida longe dele. Madison segue o conselho, mas o destino faz com que seus caminhos se cruzem novamente.
Agora emancipada do marido violento, Madison embarca em um relacionamento com Ron — ou o que pensa ser Ron. Sem saber que está se envolvendo com o professor disfarçado, ela se entrega a uma paixão marcada por segredos e riscos. Esse romance clandestino adiciona uma camada de tensão irresistível à trama, com ambos pisando em terreno perigoso.
As coisas se complicam ainda mais quando o ex-marido de Madison reaparece. Depois de uma confrontação agressiva à saída de uma boate, ele acaba contratando Ron para matar Madison, sem saber que está encomendando a morte de sua ex-esposa ao homem com quem ela está se relacionando. O destino irônico e cruel se desenha em uma espiral de caos e suspense.
Quando o ex-marido é encontrado morto, Gary e Madison se tornam os principais suspeitos. Agora, precisam elaborar um álibi convincente para escapar da prisão, enquanto os acontecimentos desordenados tornam a situação quase insustentável.
Filmado em apenas um mês em Nova Orleans, “Assassino por Acaso” oferece uma narrativa divertida, ainda que menos sofisticada, dentro do repertório de Linklater. O diretor chegou a conversar com o verdadeiro Gary Johnson, que faleceu antes de ver sua história na tela grande.
Com uma atmosfera que remete a filmes como “Sr. e Sra. Smith”, a trama mistura comédia e suspense policial, sustentada pela química vibrante entre Powell e Arjona. Embora não figure entre os trabalhos mais memoráveis de Linklater, o filme prova que mesmo os grandes diretores podem se permitir diversões ligeiras sem comprometer suas credenciais.
★★★★★★★★★★