Você ainda não assistiu, mas deveria: o filme hipnotizante da Netflix que vale cada segundo do seu tempo Divulgação / Netflix

Você ainda não assistiu, mas deveria: o filme hipnotizante da Netflix que vale cada segundo do seu tempo

A vida é um desafio contínuo, uma travessia sem roteiro prévio. O ser humano, sem respostas definitivas, tenta decifrar seu propósito, mas quanto mais busca lógica em suas indagações, mais se vê envolto em desânimo, como uma rocha engolida por um musgo nas profundezas de uma montanha perdida. Os obstáculos da existência surgem sem cessar, trazidos por forças misteriosas que cercam nossa espécie desde o momento em que tomamos consciência. Em cada curva da jornada, parece haver novas opções a considerar, como se a missão autodesignada pudesse ser alterada de rumo, mesmo que isso demande uma vida inteira para ser compreendido. Situações extremas revelam dilemas fundamentais, como criaturas exóticas à espreita, prontos para atacar sem aviso. Não é possível viver sempre em estado de plena intensidade, mas é essencial conferir à vida o peso que ela exige, especialmente à medida que seu fim se aproxima.

O sentimento inquietante de que algo ficou por fazer pode consumir não só crianças diante de um dever ignorado, mas também adultos, com o peso da responsabilidade sempre presente. Esse remorso, longe de ser mera frustração, tem o potencial de transformar completamente uma trajetória ou destruí-la. A ideia de que uma única escolha pode determinar o destino de muitos é um pensamento capaz de provocar inúmeras reflexões sobre conquistas e fracassos. Um único momento de dúvida pode significar a perda de sonhos e, em alguns casos, reduzir uma vida a pouco mais do que uma memória fugaz.

Essa é a premissa que o diretor Leszek Dawid traz à tela em “Broad Peak” (2022), um drama biográfico sobre uma escalada interrompida por vinte e cinco anos. Dawid trabalha com uma precisão impressionante, cuidando de aspectos técnicos como fotografia, assinada por Łukasz Gutt, e a trilha sonora de Łukasz Targosz, ao lado do roteiro envolvente de Łukasz Ludkowski. O foco do filme, no entanto, está na atuação do elenco, que enfrenta temperaturas extremas e alturas vertiginosas, sempre à sombra de um perigo iminente. A combinação desses elementos traz um realismo singular ao enredo.

Em 1988, o alpinista Maciej Berbeka decidiu que era hora de realizar a façanha que mudaria sua vida para sempre. Já renomado em seu meio e reverenciado por seus compatriotas, Berbeka, vivido por Ireneusz Czop, embarca na missão de escalar o Broad Peak, uma das montanhas mais altas do mundo. A direção de Dawid explora a grandiosidade das paisagens e o carisma de Czop, enquanto eleva a participação dos personagens secundários. O enredo dá uma guinada significativa após um salto temporal de vinte e cinco anos, reforçando a natureza épica da narrativa. O clímax chega na última cena, embora o uso de um fundo negro seja uma escolha discutível. Mesmo assim, a intensidade do filme se mantém ao longo de seus 102 minutos. O destino é inescapável; e, no final, a vida sempre nos cobra seu preço.


Filme: Broad Peak
Direção: Leszek Dawid
Ano: 2022
Gêneros: Aventura/Biografia/Drama
Nota: 8/10