Criar uma nova vida é, para muitos, a mais intensa das aventuras. Quem se lança nesse caminho, cedo descobre que a linha do que se considera aceitável estica sem limites. Entre as incansáveis tentativas de acalmar choros, as insistências para que a criança coma verduras e o monitoramento contínuo do que se ingere e elimina, pais e mães, especialmente nessa ordem, encontram um misto de caos e alegria que eles muitas vezes definem como um paraíso em meio à confusão cotidiana.
Zoe, a personagem principal da trama, está convencida de que quer viver essa jornada, mas falta-lhe um componente crucial: o parceiro ideal. Quanto mais tenta resolver essa equação, mais distante parece de sua realização. Alan Poul utiliza uma protagonista que desafia o tradicional estereótipo romântico para abordar as complexidades de trazer uma criança ao mundo sem um pai. O roteiro de Kate Angelo, em seus 106 minutos de projeção, mergulha em diversas situações que cercam uma potencial mãe solo, até a inevitável virada, que se desenha como previsível, mas igualmente reconfortante.
Zoe, que comanda um pet shop em Nova York, está ansiosa por ser mãe, mas encontra dificuldades em manter relações duradouras. Em sua frustração, pede ajuda ao amigo Clive, interpretado por Eric Christian Olsen, mas sua sugestão não é bem recebida. Zoe então decide seguir pelo caminho mais direto e procura um serviço de inseminação artificial. Scott Harris, o médico que a orienta, traz uma leveza quase paternal, que, embora retire um pouco do drama, ajuda a suavizar o tom da narrativa. O texto de Angelo pode pecar em certos pontos, mas as cenas entre Lopez e Robert Klein são cômicas e ajudam a desmistificar o processo de fertilização assistida, com uma direção de arte cuidadosa que reflete os avanços da medicina reprodutiva.
Ao descobrir que o embrião se desenvolvia dentro de si, Zoe sai do consultório radiante. Em um momento quase poético, uma tempestade se forma, como se o universo celebrasse sua nova condição. Ela entra em um táxi, mas antes que possa dizer seu destino, um estranho entra no veículo, alegando que havia chamado o carro antes.
Deste encontro inesperado, a vida de Zoe e Stan começa a se entrelaçar de forma cada vez mais intensa. A química entre Alex O’Loughlin e Jennifer Lopez é palpável, mas Alan Poul também reserva espaço para que outros personagens brilhem. Michaela Watkins e Melissa McCarthy trazem humor e força aos papéis coadjuvantes, enquanto a sequência do casamento da avó de Zoe, interpretada por Linda Lavin, oferece um respiro dramático antes do clímax, conduzindo a trama por caminhos que, embora previsíveis, mantêm seu apelo.
Filme: Plano B
Direção: Alan Poul
Ano: 2010
Gêneros: Comédia/Romance
Nota: 7/10