Segredos são uma moeda valiosa, e ninguém vive completamente alheio a eles. As nuances do mistério sugerem prudência ao escolher o que revelar e a quem, mas alguns segredos vêm à luz inevitavelmente, revelando aspectos ocultos de nossa natureza. “Jason Bourne” exemplifica isso com maestria, antes de se firmar como um thriller policial, apresenta um intenso drama sobre a busca de um homem por sua verdadeira identidade.
No desfecho da saga, Paul Greengrass revisita as antigas feridas do protagonista, como fez em filmes anteriores, explorando a trajetória de David Webb, cuja identidade secreta esconde um passado de perdas e traumas profundos. Baseado na obra de Robert Ludlum e co-escrito com Christopher Rouse, Greengrass relembra eventos dos filmes anteriores através de um breve flashback, estabelecendo um cenário onde a hostilidade do mundo exige extrema cautela, sob o risco de severas consequências.
Mesmo Bourne não está imune à crueldade dos falsos aliados, predadores silenciosos à espera de qualquer fraqueza para atacar e destruir nossa dignidade, tornando-nos mais máquinas do que humanos. Jason Bourne já enfrentou essa batalha.
Inicialmente introspectivo e hesitante em “A Identidade Bourne” (2002) de Doug Liman, o personagem gradualmente percebe que seu destino é vagar sem rumo, enfrentando desafios e conflitos, sem se apegar a ninguém. Agora, Bourne se encontra no deserto de Tsamantas, na fronteira entre a Grécia e a Albânia, contando com a ajuda de Nicky Parsons, sua aliada cibernética interpretada por Julia Stiles.
A versão menos glamourosa de James Bond, interpretada por Matt Damon, solicita a Nicky informações sobre o projeto Treadstone, liderado por seu pai, Richard, vivido por Gregg Henry. No entanto, Robert Dewey, diretor da CIA interpretado por Tommy Lee Jones, obstinadamente bloqueia seus planos. Rouse, também editor de “Jason Bourne”, alterna a narrativa para Langley, Virgínia, sede da CIA, onde Heather Lee, uma alta funcionária, luta contra a invasão dos arquivos confidenciais.
Antes que Greengrass leve seu filme por cidades como Roma, Paris e Atenas, Alicia Vikander se destaca em um papel claramente desenhado para complementar Damon, que encerra a série como começou: mostrando que a era de Jason Bourne (ou David Webb) terminou. E talvez isso não seja algo negativo.
Filme: Jason Bourne
Direção: Paul Greengrass
Ano: 2016
Gêneros: Drama/Thriller/Policial
Nota: 8/10