Filme mais caro da Netflix foi visto por mais de 126 milhões de pessoas nos primeiros 28 dias de estreia Paul Abell / Netflix

Filme mais caro da Netflix foi visto por mais de 126 milhões de pessoas nos primeiros 28 dias de estreia

Se o auge da trajetória de um ator é interpretar um super-herói, Ryan Gosling certamente não tem motivos para insatisfação. Considerado um dos mais habilidosos de sua geração, Gosling brilhou em produções diversas e envolventes como “La La Land — Cantando Estações” (2016), dirigido por Damien Chazelle, e “Drive” (2011), do dinamarquês Nicolas Winding Refn. Sua capacidade de atrair o público em projetos inovadores é inquestionável.

Embora não se possa afirmar com certeza se escalar atores do calibre de Gosling será uma norma para validar produções, é claro que essa escolha denota ambições elevadas das plataformas de streaming, que visam criar conteúdos significativos e, em certo sentido, elitistas, ainda que mantenham apelo popular. Esse delicado balanço entre sofisticação e massividade parece ser o objetivo da indústria cinematográfica atual, um truque cada vez mais dominado por grandes corporações.

“Agente Oculto” (2022), na Netflix, dirigido por Anthony e Joe Russo, é um exemplo dessa tendência, com um orçamento impressionante de 200 milhões de dólares, o mais alto para um filme da Netflix até então. Baseado no romance de estreia de Mark Greaney, publicado em 2009, o filme se sustenta mais no elenco estelar do que na trama em si, e nisso acertou em cheio.

Gosling, como Sierra Six, personagem que recebeu esse codinome porque “007 não estava disponível”, interpreta um espião cuja sentença é reduzida por Donald Fitzroy, um alto funcionário vivido por Billy Bob Thornton. Mesmo cometendo alguns erros, Six é imediatamente lançado em uma nova missão por seu superior Denny Carmichael, papel de Regé-Jean Page: eliminar Lloyd Hansen, um ex-mercenário da CIA que agora vende informações confidenciais.

A entrada de Chris Evans no papel de Hansen ocorre no momento exato em que o roteiro de Christopher Markus, Joe Russo e Stephen McFeely ameaça se tornar semelhante a um episódio de “Missão: Impossível” sem a intensidade emocional de Ethan Hunt, interpretado por Tom Cruise. O cinismo de Hansen, temperado com insinuações e comentários inesperados, mantém o tom leve da história até que os confrontos entre ele e Six se intensificam. Six precisa descobrir sozinho se Hansen tem realmente o poder de abalar as relações internacionais dos Estados Unidos, uma vez que Carmichael não sobrevive tempo suficiente para ajudá-lo. Dani Miranda, interpretada por Ana de Armas, é um personagem igualmente ambíguo, mas sua performance acaba ficando em segundo plano em relação à de Gosling.

A interação de Six com Claire, filha sequestrada de Fitzroy, vivida por Julia Butters, é mais um recurso utilizado pelos diretores para atrair um público mais amplo. Claire rapidamente se afeiçoa a Six, uma figura inicialmente dura que, aos poucos, mostra seu lado mais suave. Qualquer dúvida sobre a bondade do protagonista é dissipada pela forma como ele desenvolve sua relação com a garota, afastando qualquer ligação com o vilão de Evans. Um verdadeiro herói, interpretado por um homem real.


Filme: Agente Oculto
Direção: Anthony e Joe Russo
Ano: 2022
Gêneros: Ação/Suspense
Nota: 9/10