A atuação magnífica de Margot Robbie em filme ganhador do Oscar, na Netflix Divulgação / Neon

A atuação magnífica de Margot Robbie em filme ganhador do Oscar, na Netflix

A essência intrínseca da existência, tanto suas nuances ridículas, patéticas e dramáticas quanto os recantos mais serenos de uma história de amor, são palcos igualmente repletos de beleza. No entanto, é na complexidade das vivências mais turbulentas que encontramos a matéria-prima do devaneio, que nos distancia da espiral de angústia e desespero que muitos enfrentam. Tonya Harding, imortalizada no filme “Eu, Tonya”, tornou sua vida um cenário de altos e baixos, onde navegou entre prazeres e temores.

Craig Gillespie nos guia por um mergulho sombrio na trajetória de Harding, uma jornada que ecoa os sofrimentos comuns aos mortais, enquanto ela buscava transcender as limitações impostas por um passado marcado por abusos e negligências. Desde a dolorosa infância em Portland, Oregon, até os holofotes do esporte nacional, Tonya enfrentou desafios que transcendem a mera competição atlética. O roteiro de Steven Rogers, repleto de entrevistas imaginárias, nos apresenta um mosaico humano complexo, onde se destacam figuras como Jeff Gillooly, interpretado por Sebastian Stan, e a figura materna, LaVona Fay Golden.

Margot Robbie e Allison Janney personificam com maestria os embates emocionais entre mãe e filha, em cenas carregadas de hostilidade e ternura distorcida. Robbie, ainda ascendendo em sua carreira após “O Lobo de Wall Street”, e Janney, consistentemente brilhante, cativam o espectador com suas performances. O filme, pontuado por momentos nos bastidores de competições obscuras, culmina no Campeonato Nacional de Patinação Artística de 1994, marco que marca a queda de Harding num abismo público, onde as sombras do passado nunca deixaram de pairar.

“Eu, Tonya”, na Netflix, não é apenas um relato sobre uma atleta de destaque, mas uma exploração profunda das complexidades humanas, dos laços familiares disfuncionais e das batalhas contra as adversidades. É uma história que ressoa além do mundo do esporte, ecoando em terrenos emocionais universais, um tema de relevância ainda presente na cultura contemporânea, inclusive no cenário artístico brasileiro.

O filme, dirigido por Craig Gillespie, oferece uma visão profunda da vida de Harding, destacando não apenas suas conquistas esportivas, mas também os relacionamentos conturbados que moldaram sua jornada. Margot Robbie e Allison Janney entregam performances excepcionais, trazendo à vida as complexidades emocionais da protagonista e de sua mãe, LaVona Fay Golden.

Ao longo do filme, somos levados a uma viagem emocional através dos altos e baixos da vida de Harding, culminando no controverso incidente durante o Campeonato Nacional de Patinação Artística de 1994. Este momento crítico não apenas marcou o fim da carreira competitiva de Harding, mas também desencadeou uma reflexão mais ampla sobre a natureza do sucesso e da redenção.


Filme: Eu, Tonya
Direção: Craig Gillespie
Ano: 2017
Gênero: Drama
Nota: 9/10