Últimos dias para assistir, na Netflix, ao melhor filme de ficção científica dos últimos 10 anos Divulgação / Paramount Pictures

Últimos dias para assistir, na Netflix, ao melhor filme de ficção científica dos últimos 10 anos

Em “A Chegada”, Denis Villeneuve, reconhecido por seu trabalho no suspense e na ficção científica, traz à tona uma produção meticulosa que se revela como uma verdadeira obra-prima. O desconcerto inicial, presente ao longo do filme, ao nos depararmos com cenas que oscilam entre o assustador e o epifânico, todas permeadas por um aspecto onírico, ecoa de forma natural e orgânica na experiência de cada espectador. Questões como o instinto de sobrevivência, o vínculo com o materialismo, as conveniências de uma economia saturada e a ânsia humana por domínio são confrontadas por uma força poderosa e enigmática, que observa silenciosamente desde tempos imemoriais.

Se toda história tem um começo, meio e fim, é razoável considerar que o mesmo se aplique à Terra e ao universo em si, com a possibilidade de um ciclo reiniciar de outra forma. Os estudos de Albert Einstein sobre o tempo e a relatividade, juntamente com as investigações de Stephen Hawking sobre o espaço-tempo e os buracos negros, sugerem a possibilidade de manipulação cronológica e até mesmo a reinvenção dos eventos conforme a vontade humana. Nesse contexto, a linguista Louise Banks, interpretada brilhantemente por Amy Adams, utiliza seus conhecimentos para estabelecer uma nova forma de comunicação, transcendendo barreiras entre espécies. Enquanto confronta suas próprias angústias, especialmente a perda de sua filha Hannah, Louise se vê imersa em um desafio monumental ao tentar decifrar a linguagem dos visitantes extraterrestres que aportam nas planícies de Montana.

Villeneuve habilmente entrelaça temas aparentemente distantes, da física à emoção humana mais primal. Louise encontra na possibilidade de comunicação com os extraterrestres uma oportunidade de redenção, uma chance de reconstruir sua história interrompida pela tragédia. Paralelamente, surge um vínculo afetivo entre Louise e seu colega Ian Donnelly, interpretado por Jeremy Renner, adicionando uma camada emocional complexa à narrativa já densa. Além de sua exploração das fronteiras do conhecimento científico, “A Chegada” é, em essência, uma história de amor, que transcende os limites do tempo e do espaço.

A abordagem refinada de Villeneuve, ao conectar temas aparentemente dispersos em um tecido narrativo coeso, lança luz sobre questões fundamentais da existência humana. Através da linguagem cinematográfica, o diretor explora não apenas os mistérios do universo, mas também os labirintos da mente humana e a complexidade das relações interpessoais.

O filme nos convida a questionar não apenas a natureza do cosmos, mas também nossas próprias motivações, medos e esperanças. Ao mergulharmos na jornada de Louise Banks, somos confrontados com a inevitabilidade do desconhecido e a fragilidade de nossas certezas. Através de sua busca pela compreensão mútua com os visitantes extraterrestres, Louise descobre não apenas verdades universais, mas também uma nova apreciação pela beleza e mistério do mundo ao seu redor.

“A Chegada” nos lembra da importância da comunicação e da empatia na construção de pontes entre culturas e civilizações. À medida que Louise e seus colegas se esforçam para decifrar a linguagem alienígena, eles são confrontados com suas próprias limitações e preconceitos, forçando-os a repensar suas suposições sobre o outro e sobre si mesmos.

“A Chegada”, na Netflix, nos deixa com uma sensação de admiração e humildade diante da vastidão do universo e da profundidade da experiência humana. É um filme que nos desafia a olhar além das fronteiras do conhecido e a abraçar o mistério e a maravilha que nos aguardam além do horizonte. Em última análise, é uma jornada de descoberta e autoconhecimento que ressoa muito além dos limites da tela.


Filme: A Chegada
Direção: Denis Villeneuve
Ano: 2016
Gênero: Ficção científica/Thriller
Nota: 10