O mundo inteiro está parando para assistir a este thriller alucinante de ação que chegou à Netflix Divulgação / Superfiction

O mundo inteiro está parando para assistir a este thriller alucinante de ação que chegou à Netflix

Em “Believer 2”, Jo Won-ho, o investigador mais abnegado da Coreia do Sul, segue tentando dar alguma solução para a vergonha do tráfico de drogas sem controle em seu país, sem se importar muito com detalhes a exemplo de lei, protocolos, métodos. No primeiro filme, de 2018, Lee Hae-young descortinava uma face mais parcimoniosa de seu anti-herói, que perseguia seus antípodas de modo implacável, mas acabava sempre se rendendo à evidência de que em dadas circunstâncias, o ordenamento jurídico funciona como um atravanco desapontador e inexequível, que exige liturgia de quem não tem nenhum estofo moral para poder distinguir o certo do errado.

Aqui, Won-ho parece ter se convencido de que precisa dançar conforme a música desafinada da bandidagem, embora jamais se mostre tão seguro quanto ao êxito de cada passo. O chefe da Unidade de Narcóticos da capital sul-coreana vivido por Cho Jin-woong acreditava numa ascensão gradual e progressiva na carreira — sobretudo em meio a colegas indolentes e despeitados — justamente por reconhecer a sutileza dos códigos de atuação vigente no tráfico. O diretor Baek Jong-yul, também conhecido como Baik, conserva esse arrojo em seu protagonista, capaz de infiltrar-se numa das mais poderosas quadrilhas da Ásia resolvido a desmantelá-la por bem ou por mal, mas encaminha a história para um desfecho niilista, num ajuste irretocável com o espírito deste tempo de desesperança, cinismo e barbárie.

O roteiro de Jeon Cheol-hong faz uma retrospectiva do filme de Lee Hae-young, momento em que o espectador se recorda do eixo da trama e de alguns dos personagens centrais. A equipe 2, nascida de um racha entre os comandantes do departamento de polícia de Seul, assume a frente das investigações que visam a capturar o senhor Lee, cuja identidade ainda não conhecem. Aos poucos, se sabe que ele (ou ela) está vivo e segue liderando o narcotráfico da Coreia do Sul para o resto do mundo.

O novo longa começa mesmo numa fábrica de sal em Taean, no extremo oeste sul-coreano, onde duas gangues rivais se encontram para um acerto de contas. Uma mão decepada chega num carrinho segurando um telefone, que toca a seguir. Baik achincalha muitos dos clichês do gênero, consciente de que o público também se diverte com isso, bem como não se prende à ordem cronológica dos acontecimentos e tampouco ao cenário em que se passa determinada ação, encadeando um fato a outro e dessa forma emprestando à narrativa a mancheia de caos que já se anunciava no bom trabalho de Lee Hae-young.

Cho Jin-woong vai tomando conta da tela com toda a parcimônia, mas quando Won-ho está, afinal, no comando, ninguém se lembra mais de como era o filme sem ele. A trama vai pulando de cidades e países, de Seul para Taean, de Taean para Dalian, na China, e chega até Beitostølen, no centro-sul norueguês, onde a sorte do detetive principia sofrer um revés. Se serve de consolo aos mais chegados a um binarismo, o senhor Lee, de Tzi Ma, aparece e também sucumbe a uma violenta rasteira do destino.


Filme: Believer 2
Direção: Baek Jong-yul
Ano: 2023
Gêneros: Ação/Crime
Nota: 8/10